No Dragão, não há cobertura para dar asas a truques; no Dragão, não há falta de ar ou campo seco. No Estádio do Dragão, em plena cidade Invicta, joga-se futebol e bom futebol. É por esta máxima que se regem Julen Lopetegui e os seus pupilos, e assim está confirmado o regresso à prova milionária com mais uma vitória irrepreensível.
Queria-se futebol, jogou-se futebol. Do primeiro ao último minuto, vestidos de azul e branco, 14 guerreiros lutaram por conquistar um lugar que é seu por direito, num encontro onde, uma vez mais, a juventude não foi um obstáculo e, dentro do campo, se encantou frente a um conjunto francês claramente a anos-luz do da casa.
Se a vitória em França permitia um certo conforto, era sabido que um outro tento apontado colocaria o Futebol Clube do Porto ainda mais perto da Liga dos Campeões – e assim foi. A abrir a segunda parte, e de bola parada, Brahimi mostrou que será aposta neste tipo de lances. Um, dois, três. Se o guarda-redes Enyeama fez a contagem, perdeu a vista à bola. Estava lá dentro, e com isto o Dragão (e Lopetegui!) respirava de alívio.
A vitória nunca esteve em causa, e enquanto os eleitos provavam ter valor para a prova-mãe do futebol europeu, no banco (e em casa) estavam jogadores como Adrian, Quaresma, Quintero e Tello a confirmar um grande plantel. De volta aos que lá dentro estiveram, foi mais uma exibição segura e exuberante do conjunto azul e branco, tão sólido defensivamente como eficaz lá na frente.
Se há equipa pronta para marcar presença numa liga para a qual não havia conquistado o apuramento directo é o Futebol Clube do Porto. E se há técnico pronto para liderar a juventude aos grandes palcos do continente, é Julen Lopetegui. Juntos, o emblema do Dragão e o técnico espanhol começam a elaborar um quadro digno de ser invejado pelos melhores.
Intérprete principal, esse, é difícil de escolher. Da solidez defensiva associada às arrancadas de Danilo e Alex Sandro e da criatividade de Óliver e Rúben Neves até que, lá na frente, Brahimi brilha para dar golos a Jackson, sem esquecer os já referidos (hoje) suplentes, tudo funcionou numa noite em que o público voltou a aderir na perfeição ao apelo portista.
A criar-se um tutorial sobre como garantir o apuramento para a Liga dos Campeões dominando a eliminatória frente a uma equipa que se conhece há três temporadas, o Futebol Clube do Porto assinaria a capa.
A Figura
Brahimi – Golo e meio numa eliminatória decisiva (afinal, tratava-se do jogo – singular – mais importante da época do ponto de vista monetário) não é para todos. Brilhou no meio, no segundo terço e em frente à baliza, afirmando-se cada vez mais como um dos mágicos.
O Fora-de-jogo
Herrera – Enquanto Casemiro solidificou o meio-campo, Herrera foi, involuntariamente, contribuindo para o desfasamento do mesmo. Longe da sua forma do Mundial, o médio colombiano teve um papel importante ao assinar o tento da primeira mão mas precisa de subir de nível para continuar a merecer ser primeira opção.