Anos passam, épocas dão-se por enterradas, títulos vão para o entretanto criado museu. Ainda assim, o espanto é muito quando, por vezes, alguém que me rodeia é elucidado em relação à minha preferência clubística. Como, quando, porquê Porto? Ser portista no meio de Lisboa nem sempre é fácil e, apesar de cada vez menos, é ainda algo incomum. Mas, acima de tudo, muito divertido.
A última palavra do primeiro parágrafo é essencial no desenvolvimento não só deste texto como também de todas as variantes de episódio com que me vejo confrontado. ‘Sou do Porto porque cresci com o Porto; cresci com o Porto a jogar e com o Porto a ganhar’, respondo. Para admiração de muitos.
Cresci com o Porto de Mourinho a apresentar-se à Europa enquanto se preparava para a conquistar, desde Costinha a correr em Old Trafford a Deco a brilhar na Champions ou Pedro Emanuel e o seu tão memorável voo no Japão. Cresci assim, no meio de vitórias. Por isto, por ser tão pouco comum um ano da minha vida terminar sem o Futebol Clube do Porto um troféu conquistar, cresci com o Porto a ganhar. Consequentemente, e claro entre outros factores, sou do Porto porque ganha.
Não tenho medo de o dizer. Porque teria? Vemos futebol para ganhar, para festejar. Eu escolhi os que mais me encantavam e que, simultânea e felizmente para mim naquele momento, eram também os que ganhavam. Escolhi o Porto que ganha e encanta.
‘Mas vives em Lisboa’, insistem. ‘Vivo, pois. Numa Lisboa de um Portugal sem fronteiras à qual chegou o Porto de 2003. E o de 2004. E por aí fora. Vivo numa Lisboa onde, pelo que o Porto é e os outros não, aprendi a amar o Porto. A ordem de trabalhos, a organização, o azul. Porto. Simplesmente Porto.’