Desenganem-se os que pensam que houve um dilúvio em Leverkusen. Houve, isso sim, um enorme banho de bola na cidade alemã, mais precisamente no BayArena, de onde o Benfica saiu completamente encharcado. A entrada de Cristante (que nunca se impôs no jogo), de André Almeida (no lugar de Maxi) e de Derley no onze de Jorge Jesus não mascaram uma exibição penosa dos encarnados.
Tal como se esperava, o Bayer Leverkusen entrou forte e pressionante. Com duas linhas de três homens cada, o atual terceiro classificado da liga alemã sufocou o Benfica por completo durante toda a primeira parte. Aliás, os primeiros quarenta e cinco minutos são um monólogo perfeito do Bayer Leverkusen – no que toca ao futebol, claro. O Benfica, apático, receoso e encostado às cordas, foi incapaz de reagir a tamanha avalanche ofensiva. Os encarnados viram Bender, logo aos 13 minutos, enviar uma bola ao poste. Não chovia, mas já começava a pingar. O aviso não surtiu qualquer efeito nos homens de Jorge Jesus, e à passagem do minuto vinte e cinco Kiessling inaugurava o marcador no BayArena (com Júlio César a ficar muito mal na fotografia).
O Benfica não mostrava reação nem vontade de se abrigar do banho que se adivinhava. No meio-campo, Cristante e Talisca estavam absolutamente perdidos em campo. Na defesa, Eliseu e Jardel eram a cara da enorme debilidade do Benfica. Do lado dos alemães, os homens da frente, com grande mobilidade e sempre em constantes diagonais, faziam literalmente o que queriam da linha defensiva das águias. A dinâmica era tanta que o segundo golo do Bayer chegou sem surpresas: Heing Min Son, um dos destaques da partida, dilatou o marcador aos 34 minutos. Ao intervalo, a diferença de ambição e vontade era tão significativa que o 2-0 era, de facto, um resultado curto para os alemães.
O reinício da partida trouxe duas mexidas no onze inicial: saíram Cristante e Talisca por troca com Maxi Pereira (passando André Almeida para trinco) e Lima. A verdade é que o Benfica deu indicações de que pretendia, na segunda parte, recuperar a dignidade, mas rapidamente se percebeu que esta era uma noite de “nuvens negras” para os adeptos das águias. O Benfica até chegou ao golo, por Salvio aos 62 minutos, numa altura em que o Bayer baixou as linhas. Mas nem um minuto durou o balão de oxigénio dado por Salvio – penálti cometido por Jardel, num lance que deixa algumas dúvidas, e Hakan Calhanoglu devolveu a vantagem de dois golos à equipa alemã.
Até ao final do encontro o guião foi sempre o mesmo… e o protagonista também. Ainda que com níveis de intensidade bem mais baixos, o Leverkusen foi mais rápido, mais eficaz, mais forte, mais dinâmico e muito mais ambicioso. Num jogo onde se pedia uma equipa compacta, unida, bem posicionada e aguerrida, o Benfica mostrou a sua pior face. Surpreendentemente, com exceção feita ao golo de Salvio, o Benfica não faz uma única jogada com princípio, meio e fim durante os 90 minutos de jogo. Nada. Uma estranha e incrível seca futebolística, logo num jogo onde o adversário jogou “potes”.
Com zero pontos em dois jogos, os encarnados estão na última posição do Grupo C, e vêem a ainda possível passagem aos oitavos-de-final complicar-se bastante.