Ontem acordei mais bem-disposto do que o normal. Porquê? Era dia de Sporting. Acordei, como todos as manhãs, com o Sporting na mente, e não consegui pensar em mais nada a não ser em sair de casa e dirigir-me até Alvalade.
Tomei um banho, trauteando os diversos cânticos que iria gritar com toda a minha força umas horas mais tarde; fui ao armário das camisolas do Sporting e escolhi um manto especial para uma ocasião especial: A Stromp do Centenário. “Hoje teremos de dar sentido à frase da nossa fundação. Hoje teremos de ser grandes, tão grandes como os maiores da Europa”, pensei eu justificando, interiormente, a escolha da farpela. Com a minha segunda pele colada ao corpo, coloquei o cachecol ao pescoço e peguei no carro com um destino traçado: Alvalade.
O dia de Sporting começa cedo, e, junto ao Boia Verde, começava o aquecimento com os primeiros cânticos e as primeiras imperiais, claro está. Os maravilhosos hinos leoninos eram já reproduzidos em uníssono a muitas horas do início da partida. A festa começava.
O ambiente nos arredores de Alvalade era excepcional. Os fãs londrinos, impressionados com a magia verde-e-branca, fotografavam e filmavam os cânticos e a exteriorização da força dos adeptos leoninos, longe de imaginarem o que se seguiria dentro do estádio.
Já eu sabia muito bem o que se iria passar ali no sítio do costume – Curva Sul. No meio da multidão ansiosa por chegar às bancadas, os cantares soavam, o hino da Champions começava a tocar e a minha pele arrepiava-se. Era o regresso de Alvalade aos grandes palcos europeus e eu estava lá, de corpo e alma, para acompanhar o retorno do meu grande amor à competição à qual pertence, fruto da sua classe, magia e história.
Todos nós conhecemos o poderio do Chelsea, todos nós sabíamos que as casa de apostas quase não aceitavam outro resultado que não o de uma vitória inglesa. Porém existe algo que o dinheiro não compra: alma e história. Ou se tem ou não se tem, e, quanto a nós, temos que sobre para proceder a autênticos milagres quando assim for necessário. Essa mesma alma ficou espelhada ao máximo dentro das quatro linhas, tendo como o seu expoente máximo o nosso capitão de equipa, um dos melhores guarda-redes do mundo. Repito: um dos melhores guarda-redes do mundo, um verdadeiro leão, que rubricou uma exibição de outro mundo que nos permitiu lutar pelo resultado até ao fim com uma qualidade incrível nas trocas de bola, e com uma intensidade indiscritível para uma equipa teoricamente tão mais frágil que o seu adversário.
Toda esta entrega dos “rapazes de verde-e-branco” foi obviamente impulsionada por mim, por ti, por nós que estivemos em Alvalade, e que, num jogo à parte, rubricámos uma exibição de gala, enchendo o nosso maravilhoso estádio com cânticos ensurdecedores antes, durante e após a partida, sem parar, até a garganta sangrar. Um ambiente que impressionou toda a gente, até o próprio José Mourinho e todos os adeptos do Chelsea. Um ambiente que me faz envaidecer de ser como sou: leão de corpo e alma, ontem, hoje e amanhã, sportinguista até ao fim dos meus dias.
Não estou completamente feliz, porque perdi um jogo, mas sinto-me muito orgulhoso porque tenho todas as condições para acreditar em nós, para acreditar em vocês, em cada um de vocês, porque juntos somos imbatíveis, porque juntos a nossa força é brutal!