Setor de risco

    paixaovermelha
    Ontem, enquanto via o jogo da Seleção Nacional frente à Dinamarca, tive a certeza de que a inconsistência de Eliseu, no Benfica, não é um problema individual mas, sim, coletivo. Aliás, é um problema de setor. Antes de partir para a explicação, devo deixar bem salvaguardado que não acho que Eliseu tenha qualidade suficiente para ser titular como lateral esquerdo do Benfica (mais facilmente o seria a médio ou, até, a extremo) mas que, apesar de tudo, seria “suficiente” se não existissem outros problemas na defesa.

    É por aí que começo, pelo plano geral. Na temporada passada, no lado esquerdo da linha defensiva, o Benfica tinha Garay como central e Siqueira como lateral – e continuo a insistir que estas duas perdas foram as mais graves para o conjunto benfiquista . Este ano, parece-me inegável que a qualidade baixou consideravelmente com a entrada de Jardel e de Eliseu. Juntos compõem um setor que tem dado inúmeros problemas à equipa liderada por Jorge Jesus. Basta ver que, em qualquer jogo do Benfica, o lado esquerdo da defesa encarnada é constantemente bombardeado pelos ataques dos adversários. A explicação é óbvia e lógica: são o elo mais fraco da equipa, quem comete mais erros e permite mais espaço. É natural, portanto, que o adversário opte, com grande frequência, pela ala direita para efetuar as transições.

    A nível individual, e salvo algumas exceções, Jardel não oferece a Eliseu a devida cobertura – movimento em que Garay era exímio e que permitia a Siqueira subir com maior confiança. Já Eliseu mostra graves problemas de posicionamento e não fecha em bloco com eficácia e competência no centro da defesa, quando assim é necessário. Ambos cometem erros individuais que juntos se tornam um problema gravíssimo. É o setor de maior risco no onze encarnado e aquele que poderá mais facilmente expor o Benfica ao erro – leia-se derrota.

    Eliseu destaca-se pela propensão ofensiva Fonte: Rádio Renascença
    Eliseu destaca-se pela propensão ofensiva
    Fonte: Rádio Renascença

    Voltando ao jogo de ontem, Eliseu, longe de ter sido genial, fez um jogo sólido, no limite da qualidade que poderá oferecer como lateral esquerdo. A diferença para o péssimo jogo realizado frente à França é que tinha Ricardo Carvalho como companheiro de setor (e William como trinco, é bom relembrar). Um pormenor que faz toda a diferença. Ainda que a qualidade dos dinamarqueses seja inferior à dos franceses, isso, por si só, não explica a disparidade entre as exibições. O segredo esteve, evidentemente, na excelente cobertura realizada por Ricardo Carvalho e por William, que, ao contrário do jogo de Paris, raramente deixaram o lateral do Benfica em situações de dois para um.

    Com isto não pretendo defender Eliseu e atacar Jardel. Muito pelo contrário. Ainda recentemente referi que Jardel é um mal menor na defesa do Benfica, porque, à imagem de Eliseu, é limitado mas razoável para as competições nacionais. O grande problema é que o Benfica jogo com os dois… e do mesmo lado. Ter um jogador deste calibre na equipa é aceitável. Ter dois jogadores desta qualidade no mesmo setor é suicídio. É imperativo que se mude algo naquele setor. Enquanto assim não for, o Benfica arrisca mais do que devia.

    Uma palavra sobre a vitória de Portugal frente à Dinamarca: quando menos esperavam, os portugueses alcançaram um vitória crucial a todos os níveis. Gosto bastante de ver a seleção a jogar neste sistema de losango. Acho que é a melhor forma de explorar todo o potencial de Cristiano Ronaldo (viram as movimentações como faz em Madrid?). E quem dispõe de um jogador assim, não pode pensar em mais nada… que o digam os dinamarqueses.

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    Pedro Beleza
    Pedro Beleza
    Benfiquista até ao último osso, mudou-se do Norte para Lisboa para poder ver o seu Benfica e só depois estudar Jornalismo. O Pedro é, acima de tudo, apaixonado pelo desporto rei e não perde uma oportunidade de ver um bom jogo de futebol.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.