Soma de notas

    coraçãoencarnado

    Caros benfiquistas, sejam muito bem-vindos a mais um Coração Encarnado. Antes de partir para a acção, não poderia deixar de enviar um forte abraço ao Bernardo Silva, benfiquista como nós. É com pena que vejo este miúdo partir; era um jogador que fazia falta ao futebol português. Mas, mais que isso, era um apaixonado pelo Sport Lisboa e Benfica e, como tal, fazia mais falta no Estádio da Luz que um oásis no deserto. Primeiro, porque os oásis trazem felicidade a poucos seres-vivos; já o Bernardo, traria felicidade a mais de seis milhões de pupilas saltitantes. Segundo, porque a água “só” nos tira a sede; golos e jogadas alimentam-nos a alma. E por fim, porque era benfiquista. E um benfiquista se estiver num deserto só precisa duma televisão e do Gaitán a jogar para viver. Concluindo este parágrafo vago, digo apenas que os meus olhos brilham mais quando vejo um benfiquista a jogar de águia ao peito – os olhos dele também brilham muito mais do que os outros jogadores todos juntos. Ele, Bernardo, estaria em casa. Eu, tal como ele, estaria feliz. Realizado. E sorridente. Tudo isso porque “um dos meus” estaria a cumprir o meu sonho de criança. Não, o meu sonho não era ser jogador de futebol como os outros. O meu sonho era jogar no Estádio da Luz. Sim, esse era o meu sonho. Águia no peito, coração quente, alma alegre e sonho de uma vida realizado (este ainda é o meu sonho quando me perguntam o que quero ser quando for grande).

    Bernardo, boa sorte nessa aventura e espero que um dia voltes. Mas espero mesmo. Porque estes não saem passados dois anos, não fazem birras por isto e aquilo, não jogam em clubes rivais, não dizem parvoíces na imprensa e, quando se trata do Sport Lisboa e Benfica, é a cabeça deles que decide o que dizer (e não a dos empresários). Estava aqui horas a escrever sobre este miúdo, mas parece-me que já disse o principal. E agora vocês dizem: ”ah e tal, mas quando o Enzo saiu disseste para não pensarmos mais nele, que o Benfica continuava…” – pois é, mas o Enzo não é dos meus…

    Um abraço carregado de sorte. Que um dia te veja a festejar assim na Catedral. Fonte: Facebook de Bernardo Silva
    Um abraço carregado de sorte. Que um dia te veja a festejar assim na Catedral.
    Fonte: Facebook de Bernardo Silva

    Bem, vamos lá mudar de assunto: a primeira volta acabou. Não me vou alongar muito sobre a estrondosa primeira volta do nosso Benfica, até porque o fiz na semana passada. Desde o último Sábado até hoje, apenas duas notas: incrível a forma como o Benfica tornou o jogo da Madeira uma partida fácil (fantástico Salvio, Ola John e jogada do quarto golo); exibição satisfatória frente ao Moreirense, carimbada com a passagem às meias-finais da Taça da Liga. Foi mais uma semana à Benfica, apenas manchada pela venda do Bernardo. Janeiro… até sorrio só de dizer esta palavra. Às vezes palavras são muito mais do que letras somadas. É este o caso – Janeiro é sinónimo de Benfica a cilindrar, líder e ganhador. Não, não se preocupem porque Fevereiro também será assim. Janeiro e Jorge começam com a mesma letra. Janeiro e Jesus também. E Janeiro é, por isso, o mês onde tudo começa a aquecer…

    Na próxima Segunda-Feira lá vamos à Capital do Móvel para o penúltimo jogo deste mês. Pelo que parece, o estádio estará cheiro (que novidade…), carregado de cachecóis encarnados. É também o início da segunda volta, num campo tradicionalmente difícil (tal como a Madeira o era…). Que os três pontos viajem do Norte até ao Centro, e que esta segunda volta comece com o pé direito (do Jonas!). A primeira volta já foi; pois bem, que a festa da segunda comece!

    Nota de boas-vindas para o Jonathan e Álvarez. Beijem o emblema antes de provarem o manto sagrado. Depois parem, respirem fundo. Pensem nos seis milhões que vivem para esse emblema que acabaram de beijar. Voltem a respirar fundo. Entendam que estão no maior de Portugal. Da Europa. Do Mundo. Voltem a respirar fundo. Vistam o manto. Beijem o emblema outra vez, mas com mais força. Sintam. Sintam até os vossos pêlos se esticarem. Até a garganta ficar seca. Vão até ao Estádio da Luz. Entrem e sentem-se no meio da relva. Pensem naqueles que aí jogaram. Aqueles que aí gritaram. E os imortais, que apenas mudaram de estádio, lá para cima. Se nesta altura a vossa alma não estiver mais cheia, esqueçam. Metam-se na Portela e voltem para o Peñarol, isto aqui não é para o vosso estofo. Mas se decidirem ficar, pois bem, que essas pernas não parem de correr. Com ou sem dor. Com cansaço ou sem ele. Não, não vão estar a correr por mim. Mas sim por esse símbolo que levam ao peito. Sim, isso mesmo. São mais de cem anos, sabem? É bom que saibam. Estão a ver-vos lá em cima, sabem? É bom que saibam. Quando deixarem de ter vontade vão ser esquecidos, sabem? É bom que saibam. O Sport Lisboa e Benfica é o maior clube do Mundo, sabem? Pois… Agora que já sabem isto tudo, não há que ter pressão. Nem receio. Só têm de fazer o que sabem, a única diferença agora é que já não o fazem por vocês…

    Despeço-me com um abraço ibérico, carregado de saudades deste nosso Sport Lisboa e Benfica. Prometo uma visita para breve, não à família mas ao Estádio da Luz. Até para a semana, não deixem que o vosso “Coração Encarnado” arrefeça.

                                                                                                                                                                                                                                       Foto de Capa: Flickr

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    Francisco Vinagre
    Francisco Vinagrehttp://www.bolanarede.pt
    O Francisco é um emigrante mas não é por isso que sente menos o seu Benfica. Contou-nos que só pára de gritar com as paredes do seu quarto madrileno quando as palavras chegam ao Estádio da Luz. Desde 1991 que o seu coração é encarnado, por fora e por dentro. Recusa-se a perder um jogo e sabe os números dos jogadores de trás para a frente! Só tem saudades do seu Eusébio e de vez em quando mete-se no avião para cheirar a relva da Luz.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.