Longos anos a Jesus

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    Importará parar um pouco para reflectir sobre o sublime trabalho de Jorge Jesus, antes de amanhã, em Paços de Ferreira, o Benfica dar início à volta de regresso na estrada do bicampeonato. Feito que o Benfica não conhece há três décadas e que, há meses atrás, parecia apenas um sonho limitado pelo brutal investimento do rival e pela ruína em que Vieira tornou a melhor equipa que o meu benfiquismo já conheceu. Oblak, Garay, Siqueira, André Gomes, Markovic, Rodrigo, Cardozo e, meses mais tarde, Enzo Pérez. Não se preocupando minimamente com a política mercantil com que Luís Filipe Vieira conduz o clube, o segundo melhor treinador português volta, uma vez mais, a dar provas da sua inexcedível competência e qualidade.

    Apesar do aproveitamento pontual a roçar a perfeição, é natural, óbvio e consequência das premissas acima escritas que Jorge Jesus e o Benfica tenham, também, tido alguns acidentes de percurso até aqui. A eliminação das competições europeias é o expoente máximo de uma época em que o bicampeonato é a meta final. Sendo um enormíssimo treinador, impossível seria que Jorge Jesus reconstruísse (mais) uma equipa como LEGO a tempo de se conseguir bater na Liga dos Campeões. Não haverá a mais pequena dúvida de que o Benfica de hoje teria fortíssimas possibilidades de ter seguido na prova. Adiante. Nem sequer a saída de Enzo Pérez, coração da equipa na última época e meia, abalou minimamente os alicerces de cinco anos de trabalho de Jesus. Bem pelo contrário. Paradoxal e estranhamente, foi desde a transferência do argentino que surgiu o melhor Benfica da temporada. É este um dos grandes feitos do treinador encarnado e a evidência de que os títulos estarão sempre mais perto se houver Jorge Jesus no banco.

    É no Seixal que Jorge Jesus vem (re)construindo equipas atrás de equipas; Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
    É no Seixal que Jorge Jesus vem (re)construindo equipas atrás de equipas
    Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

    Neste momento, parece ser o Benfica que depende mais de Jorge Jesus do que o contrário. Há seis ou sete anos, a saída de UM(!) jogador nuclear da equipa era motivo suficiente para deixar em pó toda uma época. Jogos houve esta temporada em que o Benfica apresentou 4 jogadores (Luisão, Maxi, Lima e Gaitán) que faziam parte da equipa-base do triplete. É certo e indesmentível que a qualidade de jogo faltou, e muito, em alguns momentos da época. No entanto, é neste ponto que vale ao clube o pragmatismo que Jorge Jesus veio ganhando desde que chegou e que se traduz, por exemplo, na melhor defesa do campeonato com apenas 7 golos sofridos em 17 partidas. Nem sequer a menor qualidade de jogadores como André Almeida, César, Jardel ou Lisandro afecta os processos de jogo mais do que conhecidos e consolidados pela equipa.

    Os 45 pontos em 51 possíveis são o melhor score de há 30 anos para cá e o avanço de seis pontos para o Porto, principal rival, e dez para o Sporting mostram um Benfica fortíssimo, confiante e já capaz de nota artística. Para os mais limitados de pensamento, não faltarão os chavões da ajuda dos árbitros e dos golos em fora-de-jogo como justificação para o mérito do trabalho do treinador encarnado. Até se compreende. Afinal, para uns, esse é como que um exercício de preparação para mais um ano a ver navios no campeonato. Para outros, o medo do bicampeonato encarnado leva ao desnorte em conferências de imprensa, espectáculo de circo no relvado e a “orgulho, muito orgulho” em modo disco riscado.

     Foto de Capa: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

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    Francisco Vaz de Miranda
    Francisco Vaz de Miranda
    Apoia o Sport Lisboa e Benfica (nunca o Benfas ou derivados) e, dos últimos 125 jogos na Luz, deve ter estado em 150. Kelvin ou Ivanovic não são suficientes para beliscar o seu fervor benfiquista.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.