Jorge Jesus, o Ferguson do Benfica?

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    János Biri é um nome que provavelmente não vos diz nada. Foi treinador do Benfica durante oito épocas, entre 1939 e 1947. Venceu três campeonatos e três Taças de Portugal. Desde esse último ano que o Benfica não tinha um treinador que estivesse tanto tempo no clube como Jorge Jesus. Para encontrar alguém com um maior número de anos seguidos a treinar o clube da Luz tivemos de recuar 68 anos. O actual técnico encarnado tem lutado contra o que tem sido norma nos últimos anos, não só no Benfica como também no futebol português e mundial: o despedimento após o falhanço de resultados rápidos e consistentes.

    Chegar e vencer não é fácil. Mais difícil ainda é chegar, vencer e continuar a vencer. Jorge Jesus chegou e venceu. Após dois anos difíceis, de títulos perdidos nas últimas jornadas e nos últimos minutos, voltou a vencer. Está actualmente no sexto ano consecutivo no comando do Benfica, e o contrato termina no final da época. A comunidade benfiquista discute: deve Jorge Jesus permanecer no comando técnico?

    Provas dadas

    Em seis anos Jorge Jesus conquistou dois campeonatos, uma Taça de Portugal, quatro Taças da Liga, uma Supertaça e devolveu o Benfica ao topo da Europa com consecutivas qualificações para a Liga dos Campeões e duas finais da Liga Europa. Há quem diga que dois campeonatos em dois anos é pouco, há quem diga que as Taças da Liga são “canecos de cerveja” e pouco ou nada contam. Eu não acho.

    Quando o técnico português chegou tinha um clube com uma enorme história do século passado para dignificar e toda uma história de glória para construir neste século. E este século estava a ser realmente um problema. Quando Jorge Jesus chegou o Benfica apenas tinha ganhado quatro títulos: um campeonato, uma Taça de Portugal, uma Taça da Liga e uma Supertaça. Um palmarés de dez anos muito aquém de um clube da grandiosidade do Benfica. Jorge Jesus mudou isso e em seis anos conquistou oito títulos.

    Não são só os títulos que contam…

    O Benfica vivia uma situação financeira frágil aquando da chegada do treinador português. Os danos do mandato de Vale e Azevedo ainda se sentiam nas economias encarnadas, e as últimas conquistas e prestações na Liga dos Campeões não permitiram consolidar as finanças.

    Um treinador não tem intervenção directa nas contas do clube, muito menos de um clube com tantas modalidades e de tão grande dimensão. Mas pode ajudar com potenciamento de jogadores e com a conquista de títulos. Da conquista de títulos já falámos. E dos jogadores? Durante a era de Jesus no Benfica, o clube encarnado arrecadou 218 milhões de euros em venda de jogadores. Para tal contribuíram, em muito, jogadores que o próprio técnico criou e outras das suas famosas adaptações. Falamos de grandes jogadores que permitiram igualmente grandes encaixes, como Fábio Coentrão, Matic, Witsel, Enzo Pérez, Javi García…

    Jesus já sabe o caminho para os títulos. Que o deixem continuar esse caminho por muitos anos. Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
    Jesus já sabe o caminho para os títulos. Que o deixem continuar esse caminho por muitos anos.
    Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

    Deve Jorge Jesus renovar?

    Prós: Tudo o que conquistou, tudo o que potenciou e tudo o que ainda tem para dar são argumentos simples mas suficientes para garantir a continuidade do técnico português.

    Contras: A fraca aposta em jovens tem sido uma das principais críticas apontadas ao treinador das águias.

    Jorge Jesus já tem um lugar assegurado na história do Benfica, não só pela personagem autêntica que é mas também pelo trabalho desenvolvido. E se ganhar este ano o campeonato não espero nada mais, nada menos do que ficar por muitos e bons anos. E mesmo que não ganhe. Com um plantel muito mais frágil e noviço do que o da última temporada, o técnico português está a conseguir fazer um trabalho gigante, estando ainda na frente de duas competições.

    Pode vir a ser o Ferguson do Benfica? Pode, e espero que seja. Tem um conhecimento aprofundado sobre o futebol português e sobre o futebol mundial. Já mostrou qualidade e resultados. Acho que é uma excelente aposta da Direcção do clube para os próximos anos, que certamente serão de glória. O treinador das águias já mostrou saber fintar barreiras e singrar. Espero que continue e espero que se construa um futuro glorioso e próspero com a sua assinatura. Espero que esse futuro implique também uma maior aposta na formação, que tem aumentado mais e mais de qualidade nos últimos anos. Este é o único defeito que tenho a apontar àquele que espero que seja o homem que volte a pôr o Benfica entre os grandes tubarões europeus. Porque a mim não me interessa só ter um clube com história. Não quero dizer que o Benfica na década de 60 era gigante; quero dizer que o Benfica é grande, que o Benfica faz história e amedronta equipas, qualquer que seja a época, a década ou o século.

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    Tomás Gomes
    Tomás Gomes
    O Tomás é sócio do Benfica desde os dois meses. Amante do desporto rei, o seu passatempo favorito é passar os domingos a beber imperial e a comer tremoços com o rabo enterrado no sofá enquanto vê Premier League.                                                                                                                                                 O Tomás escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.