O Guerreiro Otomano – Entrevista André Castro

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    André Castro é formado no FC Porto e vai representar o Goztepe, neste temporada, depois de já ter passado pelo Sporting Gijón e Kasimpasa. Aos 29 anos, abre o jogo ao Bola na Rede. Admite jogar em qualquer um dos três grandes portugueses e confessa que guarda alguma mágoa em relação a Paulo Fonseca e Fernando Santos.

    Turquia

    Bola na Rede (BnR): André Castro, após quatro épocas a alinhar no Kasimpasa SK (onde sempre foi uma peça-chave na equipa), esta época mudou-se para o Goztepe SK. O que significa, no seu percurso futebolístico, esta mudança?

    André Castro (AC): Esta mudança para o Goztepe proporcionou-se porque o meu contrato com o Kasimpasa acabou. Eles queriam continuar comigo, mas eu achei que deveria mudar. Fizeram de tudo para me manter lá, mas a proposta do Goztepe SK foi melhor e era um clube que veio da segunda divisão mas que tem um projeto ambicioso, fez várias contratações e pareceu-me que o projeto era mais interessante do que o do Kasimpasa, por isso a minha mudança. Espero que seja dentro do mesmo, em que fiz quatro épocas muito boas e em que, numa época, fiquei na equipa ideal da liga e onde joguei os jogos todos. Foram anos de sucesso e espero continuar a jogar e ajudar o Goztepe.

    BnR: Falou-se no interesse do Fenerbahce SK. Confirma? Recebeu convites de Portugal?

    AC: Sim, é verdade que houve interesse do Fenerbahce, como também de outra equipa grande turca, mas aqui na Turquia os clubes querem nomes grandes. Embora o Fenerbahce tenha dito que me queria, pediu-me para esperar até ao final do mercado para ver de outras soluções e, caso existissem esses nomes grandes,  não me contratavam. Achei que isso não seria bom para mim, porque eu estava livre e se eles me quisessem mesmo escusavam de esperar, bastava quererem. E se eu soubesse que iria ser uma aposta para eles iria com todo o gosto; mas senti que era um interesse que não era aquilo que eu também queria, porque eles queriam e não queriam ao mesmo tempo, assim como outras equipas grandes da Turquia. O Goztepe mostrou mais interesse que as restantes equipas e por isso a minha mudança para aqui.

    BnR: Ao seu lado tem companheiros de equipa com passagens por Portugal (e pelo FC Porto), como Beto ou Ghilas. Vê-se como figura de referência para a sua melhor integração no futebol turco, ou são eles quem lhe permitem, em certa medida, “matar saudades de casa”?

    AC: Isto de receber o Ghilas, o Beto ou o Scarione, que também esteve comigo no Kasimpasa, é sempre bom. São jogadores que eu já conheço e é sempre bom ter alguns colegas; nós somos uma equipa nova, fizemos cerca de dezasseis contratações e a equipa é toda nova. Temos que começar por algum lado, e espero que sirva para nos unir o máximo possível.

    BnR: Até onde pode ir este Goztepe SK na Liga Turca? Vê no clube potencial para conquistas a nível interno ou, individualmente, crê que possa ser um trampolim para umas das equipas ditas “grandes” da Turquia?

    AC: O Goztepe este ano tem que pensar na manutenção. É uma equipa que veio da segunda divisão, muita coisa nova, muitos jogadores e até treinador novo. Penso que, para esta época, o mais importante é fazermos um campeonato equilibrado, tentar assegurar a manutenção o mais rápido possível e, a partir do próximo ano e se tudo correr bem, pensar noutras coisas. Mas acredito que, para este ano, seja muito importante a manutenção, até porque esta liga é muito complicada e por isso aponto para conseguir a permanência.

    O Goztepe SK é o novo desafio de André Castro Fonte: Goztepe SK
    O Goztepe SK é o novo desafio de André Castro
    Fonte: Goztepe SK

    BnR: Acha a liga turca é melhor ou, pelo menos, mais interessante do que a portuguesa?

    AC: Penso que os três grandes de Portugal são mais organizados do que as equipas grandes turcas. Mas, em termos da liga, a Turquia tem um campeonato bastante superior ao português, penso eu. Tem melhores jogadores e a nível de dinheiro, então, nem se fala, é mesmo outro mundo. Aqui uma equipa da parte inferior da tabela consegue ir buscar jogadores aos grandes de Portugal. Se virmos a quantidade de jogadores que este ano vieram para a Turquia, como o Nasri que foi para o Antalyaspor, vemos que é uma coisa incrível. Por isso não podemos comparar os campeonatos, a liga turca é muito competitiva e em que os pequenos ganham facilmente aos grandes, não é como em Portugal que Porto e Benfica jogam em casa e que já se saber que vão ganhar, só não se sabe é por quantos. Aqui não acontece isso. Por exemplo, já estou aqui há quatro temporadas e, nos jogos em casa contra o Besiktas, nunca perdi. É uma liga muito competitiva.

    BnR: Quais as principais diferenças culturais que encontrou na Turquia?

    AC: As diferenças culturais assentam em que o país, em geral, é todo muçulmano. Mas já vivi em Istambul e agora estou noutra cidade muito bonita que é Izmir e não se nota assim nada de diferente, penso que a coisa mais diferente será que eles têm que rezar algumas vezes ao dia e que à sexta-feira vão todos rezar às duas horas da tarde. De resto vive-se muito bem, as pessoas são muito boas e simpáticas e eu gosto muito da Turquia.

    BnR: Como é que um jogador lida com um ambiente tão complicado como é o de alguns estádios na Turquia?

    AC: O ambiente nos estádios foi outra das razões para eu mudar, porque o Kasimpasa SK é um clube que não tem adeptos porque fica em Istambul, onde os adeptos são todos das equipas grandes. O Goztepe SK é conhecido por ter muitos adeptos e essa foi uma das razões para eu mudar, porque gosto muito de ter o estádio cheio e aqui na Turquia o ambiente nos estádios é espetacular.

    BnR: Quais são as diferenças entre os clubes pequenos na Turquia e em Portugal, em termos de estrutura e condições de trabalho?

    AC: A diferença é abismal. Eu joguei no Kasimpasa que tinha um centro de treinos tão bom, ou até melhor, do que o do FC Porto ou Benfica. O dinheiro que eles gastam nos centros de treino é incrível, agora o Goztepe também tem um bom centro de treinos. Ou seja, todas as equipas aqui têm centros de treino e com um orçamento muito superior a muitas equipas portuguesas, até mesmo ao SC Braga. E em termos de salários, o FC Porto e o Benfica têm jogadores que ganham menos do que um clube que aqui luta para não descer. Essa é a grande diferença, em termos financeiros a Turquia é muito superior.

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    Redação BnR
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