Ai está a primeira vitória de Neymar – desculpem, do Brasil – na Copa América. A ferros, e sobretudo graças ao talento do craque brasileiro, a canarinha bateu o Peru e fez o que lhe competia.
A partir do momento em que foram anunciados os onzes inicias das equipas, percebeu-se que o Brasil iria encontrar dificuldades para levar de vencida uma aguerrida e determinada selecção peruana. Dunga, seleccionador brasileiro, apresentou algumas novidades na equipa titular, ao lançar Diego Tardelli na frente de ataque, Fred numa das alas e Thiago Silva no banco de suplentes. Do outro lado, o técnico do Peru, Ricardo Gareca, escalou um onze calculista, com muitos jogadores no meio-campo, e com o ponta-de-lança Guerrero sozinho na frente. Num esquema táctico 4-2-3-1 onde os médios do Brasil estavam quase sempre estáticos e o ponta-de-lança longe da baliza, o jogo da canarinha passava pelos rasgos individuais de jogadores como Neymar, William ou Dani Alves.
Os problemas do Brasil no jogo começaram então logo pela disposição da equipa em campo e agravaram-se com o golo madrugador do Perú, logo aos 3 minutos de jogo. Erro de David Luiz, um prenda de Jefferson , o guarda-redes brasileiro, e o golo de Cristian Cuevas para inaugurar o marcador.
A reacção do Brasil não tardou e Neymar, o melhor em campo, respondeu de cabeça a um cruzamento perfeito de Daniel Alves. 5 minutos de jogo, 1-1 no marcador. Como esta Copa América nos tem habituado, também esta partida foi pautada por um ritmo alucinante, com ambas as equipas a procurarem o golo em constantes jogadas de contra-ataque. Um Perú logicamente mais contido não se escondeu no jogo e procurou sempre incomodar a baliza do Brasil durante toda a partida.
Na primeira parte, Cuevas e Guerrero, os melhores jogadores peruanos no jogo, conseguiram criar perigo à experiente defesa canarinha e nem os dois médios de contenção do Brasil foram capazes de travar as iniciativas destes dois jogadores. No escrete, eram apenas as iniciativas de um inspirado e confiante Neymar que abanavam a defesa peruana, pois faltava presença na área do Perú e por isso foram escassas as oportunidades de golo do Brasil no primeiro tempo.
Faltava mais ligação entre o meio-campo e o ataque brasileiro e Dunga demorou a perceber que tinha de mudar a dinâmica de jogo da equipa. Os trincos do Brasil, Fernandinho e Elias foram apenas mais dois corpos presentes no relvado e não tiveram qualquer influência no jogo ofensivo do Brasil e até foram pouco eficazes nas compensações defensivas. Falando de presenças estranhas no onze brasileiro, Fred e Tardelli revelaram desinipiração na suas acções e facilmente se percebeu o porquê de a qualidade de jogo canarinha ter aumentado quando estes jogadores foram substituídos por outros bem mais talentosos – Douglas Costa e Firmino.
A entrada destas duas unidades deu um novo impulso ao ataque do Brasil, sobretudo pela velocidade que Costa imprimiu pelo flanco direito. O médio que está prestes a assinar pelo Chelsea foi mesmo o autor do golo que deu a vitória ao escrete, em cima do apito final, após um majestoso passe de Neymar, o abono de família desta selecção.
Sorte para o Brasil e infortúnio para a selecção peruana que, valendo-se do trabalho, garra e dedicação dos seus jogadores, a juntar ao talento de Cuevas (atenção a este jogador), Farfán ou Guerrero, fez por merecer o empate neste jogo.
Quanto ao Brasil, é certo que está numa boa posição para passar à fase seguinte da competição, mas tem de mudar muito o seu estilo de jogo e a disposição táctica se quer vencer esta Copa América. Não esperava uma equipa tão refém de Neymar e com um sentido defensivo tão presente, com dois médios de características iguais que não aquecem nem arrefecem o jogo da equipa. Firmino e Douglas Costa têm de ser titulares e é de esperar que Philippe Coutinho recupere da lesão e apareça no onze do escrete. Isto para bem dos brasileiros!
A Figura:
Neymar – o craque brasileiro está num momento de forma impressionante e é o patrão desta selecção. Faz o que quer com a bola, com os adversários e orienta todo o jogo ofensivo da equipa. Marcou, deu a marcar e encheu o campo. Uma delicia!
O Fora-de-Jogo:
Dunga – Não consigo perceber como é que uma das melhores do mundo, uma das favoritas à conquista da Copa América, joga com dois trincos estáticos à frente da defesa, com um ponta-de-lança banal e sem presença na área e esá dependente dos rasgos individuais de Neymar. Dunga tem recursos para fazer esta equipa jogar muito mais. Tem é de ser com outros jogadores.
Foto de Capa: Facebook Oficial da CBF