Escrete: um voo tranquilo pelos ares do Sul

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    Como estamos cientes, o futebol – até esta nomenclatura o indica – é um desporto cheio de palavras britânicas. Pudera: foi inventado pelos ingleses! Porém, para quem não sabe, a seleção nacional brasileira (de futebol) é conhecida por alguns apelidos queridos. A verde e amarela; a canarinha; a Seleção; o escrete. Esta última palavra, remete para o inglês scratch, que, literalmente, significa linha de partida. Isto é, na tradução para o português, são os atletas mais bem preparados e escolhidos para representar uma equipa específica. A Seleção tem de ter os melhores. Ponto final.

    O Brasil cresceu a olhos vistos. A qualidade do futebol, a magia ao serviço da equipa e, sobretudo, noções defensivas avançadas, fazem que o Brasil atinja, calmamente e sem percalços, a velocidade de cruzeiro no grupo da Conmebol de apuramento para o Mundial – as seleções da América do Sul.

    É incrível como Tite fez o escrete subir a pulso. Marca muitos golos. Sofre pouquíssimos. Aliás, contra o Uruguai sofreu o seu primeiro e único até agora (desde que Tite assumiu o leme).

    Brasil tem estado imparável Fonte: Bluerayvids.com
    Brasil tem estado imparável
    Fonte: Bluerayvids.com

    Os jogadores são diferentes do Brasil de há um ou dois anos atrás? Alguns, mas não é por aí. A maioria esteve presente naquele desastre em Minas Gerais, onde um tanque alemão espezinhou a canarinha. Aliás, a maioria dos jogadores que compõem este elenco mais ou menos fixo – isto porque algumas convocatórias vão sendo algo voláteis, pela periodicidade reduzida de jogos de seleções ao longo do ano – são dessa altura. O que mudou? Tudo.

    Tite é preparado. Quis estudar. Aprender. Saber mais. Questionar-se. Teve humildade. Fez um ano sabático na Europa, depois de ter vencido tudo com o Corinthians. Voltou ao gigante paulista para ainda ser campeão nacional uma última vez e partir para a seleção mais titulada do mundo. Poucos brasileiros, na minha opinião, poderiam neste momento gerir o escrete com sucesso. Felizmente, Tite é um deles. Já se começa a ver bons hábitos, igualmente, em (algumas) equipas do Brasileirão. Veremos se são sustentados e duradouros.

    Quanto ao querido escrete, vai passeando calmamente. Foi, de resto, a primeira seleção a conseguir o apuramento para o Mundial. A Rússia está já ali. E, a jogar assim, algo me diz que o Brasil será mesmo um candidato.

    Foto de capa: Guia do Boleiro

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    Daniel Melo
    Daniel Melohttp://www.bolanarede.pt
    O Daniel Melo é por vezes leitor, por vezes crítico. Armado em intelectual cinéfilo com laivos artísticos. Jornalista quando quer. O desporto é mais uma das muitas escapatórias para o submundo. A sua lápide terá escrita a seguinte frase: "Aqui jaz um rapaz que tinha jeito para tudo, mas que nunca fez nada".                                                                                                                                                 O Daniel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.