Em sentido figurado podemos definir um Templo como o reflexo ou o espelho da divindade eterna. Quando os Deus descem à Terra têm nos Templos o seu dormitório.
Podíamos recuar até à Grécia Antiga, ou simplesmente imaginar que, algures num outro planeta, o culto da divindade também merece honras distintas, mas a verdade é que muito dificilmente existirá algum Templo tão marcante, icónico e divino como o eterno Maracanã.
O Templo-Sol, ponto de encontro entre Deuses e humanos, onde espíritos de outras paragens vagueiam para trás e para a frente…onde o Rei Pelé marcou o seu milésimo golo.
Sediado na cidade maravilhosa, este emblemático estádio carioca foi construído para ser o palco principal do Mundial de 1950.
Naquele recinto, realidade e ficção sempre andaram de mãos dadas e, até hoje, nunca se soube ao certo qual das duas personalizou a mítica final desse Campeonato do Mundo.
Durante largos anos foi o maior e mais imponente estádio do mundo, e relatos de quem testemunhou in loco o “Maracanazzo” – célebre final desse Mundial que o super-favorito Brasil perdeu contra o Uruguai por 1-2 – afirmam que nessa tarde mais de 200.000 pessoas assistiram àquela que foi considerada a maior tragédia do futebol brasileiro.
No entanto, os registos oficiais apontam o clássico Flamengo – Fluminense como o detentor do recorde de assistências de sempre em todo o mundo, num total impressionante de 194.063 adeptos.
Em 1989, a seleção brasileira foi campeã do mundo pela primeira vez na sua casa. A Canarinha derrotou o Uruguai com um tento solitário de Romário, e conquistava o seu primeiro título após a vitória no Mundial de 70.
Em agosto de 2010 o estádio encerrou para obras de remodelação tendo em vista o Campeonato do Mundo e os Jogos Olímpicos, e tudo parecia normal no então Templo Sagrado do futebol.
Mas o improvável aconteceu, e apenas seis meses após o final dos Jogos Olímpicos, o histórico Estádio do Maracanã foi deixado ao abandono. As bancadas, outrora um local de culto, permanecem agora cobertas de pó e lixo, e muitas das cadeiras já desapareceram. O relvado secou, transformando-se num aglomerado de erva acastanhada, terra e lixo. Dentro e fora, este Templo Perdido foi alvo de vandalismo, num claro atentado à memória e ao património imaterial do mais emblemático estádio de todos os tempos.
O enorme e complexo imbróglio jurídico que opõe a Prefeitura do Rio de Janeiro e Comité Organizador do Local no Rio 2016 (Maracanã S.A.) não tem fim à vista, e o estádio parece cada vez mais perdido no tempo.
Foto de Capa: ESPN Brasil
Artigo revisto por: Beatriz Silva