Depois de há três semanas Paris ter sido palco de um autêntico “massacre” de S. Valentim por culpa da vitória do Paris Saint-Germain sobre o FC Barcelona, na qual os parisienses venceram por 4-0, as atenções viraram-se para Barcelona, onde a equipa catalã procurava cumprir a missão quase impossível de fazer o que nunca antes fora feito numa edição da Liga dos Campeões – recuperar na segunda mão de uma desvantagem de quatro golos. É certo que para a equipa do Barcelona quase nada é impossível, mas a tarefa de passar aos quartos de final foi considerada por todos como uma tarefa bastante complicada, mesmo para a equipa de Messi, Suárez e Neymar.
O jogo começou como se esperava, com os espanhóis a impor o seu jogo e a instalar-se no meio-campo adversário em busca primeiro golo, que chegou bem cedo, ainda não estavam jogados quatro minutos da partida. Após um cruzamento de Rafinha da direita, a defensiva do PSG não conseguiu retirar a bola da sua área e, no meio da confusão, Luis Suárez conseguiu colocar a bola dentro da baliza com um cabeceamento que por pouco não era suficiente para fazer a bola entrar por completo. A desvantagem estava assim reduzida a “apenas” três golos, e a confiança dos adeptos e jogadores do Barcelona parecia aumentar um pouco.
O jogo seguiu com o mesmo ritmo. O Paris Saint-Germain encostado à sua área, excetuando algumas tentativas de ataque que nunca causaram grande perigo na baliza de Ter Stegen, e o Barcelona continuava a busca pelo segundo golo, colocando quase a totalidade dos seus jogadores na metade ofensiva do terreno, e praticava um futebol muito baseado na qualidade de Iniesta e nos desequilíbrios de Neymar, complementados pela magia de Messi e as investidas de Rafinha pela direita. Tantas foram as tentativas de conseguir um novo golo que este surgiu cinco minutos antes dos 45. Iniesta deixa a bola para Suárez que a envia novamente para o médio espanhol na área, que consegue, com classe, lançar a bola contra Kurzawa, que a desvia para as redes da baliza de Trapp, marcando assim um auto-golo que aumentou ainda mais a confiança de todos os barcelonistas numa reviravolta épica.
Após o intervalo, o qual precisavam os jogadores parisienses e o seu técnico para repor ideias e voltar ao jogo com o intuito de acabar de vez com a eliminatória, o Barcelona continuou com o futebol de ataque e, logo aos 50 minutos, voltou a marcar, de grande penalidade, por Lionel Messi, após uma falta (duvidosa…) sobre Neymar.
A partir daí, e vendo que a eliminatória estava a pender cada vez mais para o lado do Barcelona, a equipa francesa começou a atacar com mais frequência e intensidade e, aos 62 minutos, marcou o golo da tranquilidade (seria…?) por intermédio de Cavani. O alívio parecia chegar aos de Paris, que se viam agora em vantagem por dois golos na eliminatória.
O golo fez novamente o PSG recuar no terreno e jogar mais na expetativa. Por outro lado, a equipa espanhola regressou ao ataque, mas as inúmeras tentativas de chegar ao golo eram infrutíferas e levavam ao desespero os catalães e à alegria os parisienses.
Chegou o minuto 88. Por esta altura tudo parecia estar decidido, não fosse Neymar cobrar um livre perfeito, embora com algumas culpas para o guardião do PSG, e voltar a diminuir a desvantagem e colocar novas dúvidas quanto ao desfecho do jogo. Isto ao minuto 88… Aos 90 minutos, nova grande penalidade para o Barcelona, e Neymar não vacilou. Marcou o penálti e levou o público do Camp Nou ao delírio, ao ver aproximar-se mais uma reviravolta que seria histórica na Liga dos Campeões. Cinco minutos de compensação foram dados pelo quarto árbitro, e nesses cinco minutos apenas o Barcelona jogou, compreensivelmente.
Deu tudo por tudo para marcar o sexto golo e garantir um lugar nos quartos de final. Até ter Stegen foi para o ataque. Ao 95º minuto, o último da partida, ocorre o momento chave da eliminatória – Neymar com a bola no pé fora da área, levanta-a para dentro da mesma, onde encontra Sergi Roberto que, em esforço, coloca a bola no fundo das redes e faz história na liga milionária. Momento de loucura em Barcelona, onde muito se chorou à custa deste golo.
O Barcelona conseguiu assim recuperar de uma desvantagem de quatro golos. Bem dizia Luis Enrique que a sua equipa podia perfeitamente marcar seis golos em casa… A sua equipa esteve impecável, se esquecermos o golo do PSG, e o técnico conseguiu, juntamente com o público, transmitir aos jogadores a emoção que os empurrou rumo à vitória na eliminatória. Foi um jogo de loucos e o ambiente vivido no final era de êxtase. Afinal, fez-se história no Camp Nou!
Este jogo foi um daqueles que mesmo alguém que não perceba nem goste de futebol adoraria ver. O futebol é realmente algo de extraordinário…