4 anos, 3 títulos. O Real Madrid afirmou-se como a maior potência desportiva europeia ao tornar-se no primeiro bicampeão europeu da Era Champions (desde 1993/94), à boleia de uma exibição cheia de personalidade, vontade e… CR7 (2 golos).
A Juve entrou com a vontade de quem começa a ficar conhecida pelas finais perdidas (ia em 6 antes do jogo) e apertou o pescoço ao Real Madrid, adversário e obstáculo à mudança da história recente da Velha Senhora em finais europeias. Pressionou largo e alto e quase chegou ao golo por Pjanic, num disparo fora de àrea. Navas impôs-se com uma intervenção brilhante e permitiu que o Real respirasse fundo. Tão fundo que se começou a sentir, aos poucos, à vontade no jogo, sobretudo com o espaço dado pela inexistência de um terceiro médio bianconeri.
Falhasse Pjanic ou Khedira, e o Real sabia que poderia capitalizar. Como capitalizou. Numa transição rápida madrilena, Kroos deu em Benzema, este descobriu Cristiano Ronaldo sobre a direita, o português esperou a subida de Carvajal, que lhe devolveu o esférico e o Bola de Ouro, claro, não perdoou e tirou a crença inicial à Juventus, que passou a ter algumas dificuldades na construção ofensiva.
Precisava, pois de um lance de génio. Teve-o. À passagem do minuto 27, Bonucci lançou longo para a esquerda, onde apareceu Alex Sandro a cruzar de primeira para à area, onde estava, Higuain a aparar a bola para o domínio e a finalização, de costas para a baliza, de Mandzukic. Navas viu a bola sobrevoá-lo sem nada poder fazer. Um momento mágico, digno de final de Champions, que deixou eufóricos os adeptos bianconeri e acalmou o jogo… até ao fim da primeira parte.
O segundo tempo trouxe um Real mais afoito e pressionante. Com o orgulho de um campeão que defende o seu título. E sufocou a Juventus da mesma forma que a Juventus havia sufocado no início da primeira parte. Pressionou forte o início de construção da Velha Senhora e o jogo passou a disputar-se no meio-campo italiano.
Nada que não estivesse, aparentemente, previsto pelos bianconeri, sábios a controlar o assédio madridista nestes primeiros instantes… mas o futebol é pródigo em situações que desafiam a lógica. Coisas como um tiro de longe, de um patinho feio (Casemiro) dar em golo – aos 61 minutos, em resposta a uma bola rechaçada pela àrea da Juventus, o brasileiro recolocou o Real na frente do jogo.
A Juventus abanou. E voltou a sofrer, três minutos depois. Modric cortou uma eventual transição defesa-ataque bianconeri, tabelou com Carvajal e, sobre a linha de fundo, cruzou para o primeiro poste, onde apareceu Cristiano Ronaldo a finalizar como só um predestinado faria. Um golo que decidiu o vencedor do encontro. A Juventus não se conseguiu reerguer, o Real Madrid também não lhe estendeu a mão, e esteve mais perto de ampliar do que ver reduzida a vantagem. Conseguiu fazer o 4-1, já sobre o minuto 90 – Marco Asensio encostou cruzamento à medida de Marcelo.
A Cibelles, cheia com certeza, já festejava. Como está habituada. Os jogadores do Real, em Cardiff, tinham a noção que já não lhes escapava a 12ª, enquanto Cristiano Ronaldo aproveitava a boleia para se candidatar, firmemente, à 5ª… Bola de Ouro. Ou vice-versa.
Foto de Capa: UEFA