Hoje, por causa do vídeo da uma despedida chorada entre vénias, abraços e lágrimas, passaste de um jogador discreto (mas enorme para quem já vê isto há mais tempo) a um nome mediático, e há miúdos que vasculham o teu passado como jogador. Em busca de estatísticas e vídeos que traduzam a tua maneira de jogar e de ser.
Hoje, esses miúdos encontrarão razão de ser na transparência de um sorriso genuíno e que se arrastava para o campo com a bondade e a disponibilidade que te caracteriza. Hoje, eles saberão que vale a pena a dedicação a uma causa sem com ela colher elogios imediatos. Hoje eles vão perceber que é melhor ser discreto e sair em glória do que ser espalhafatoso e sair pela porta pequena.
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Hoje, o mundo reclama por bons exemplos. Exemplos de pessoas frontais mas não mal educadas, competitivas mas não egoístas e sem medo de se sacrificar por um bem maior. O futebol, pela sua força, proporciona esses antídotos.
Tu, claramente, és um deles. E não havia melhor altura nem melhor forma de saíres. Deixares o teu Atlético por te achares incapaz de manter o teu nível fantástico (já te chamaram melhor jogador da Liga Espanhola, mesmo com Messi e Ronaldo lá, e digo-te, sem bacoquices, que concordei na altura e ainda acho que estava certo), sob uma tonelada de emoções trazida das bancadas por uma aficion exigente, revela força de caráter e a noção de que um clube não está acima de ninguém.
Deixaste uma marca vincada de profissionalismo na história do futebol mundial e serviste, numa altura crucial, de exemplo para jovens (e não tão jovens) futebolistas… e para o mundo. O mundo que precisava, urgentemente, de recordar que há gente assim.
Ainda bem que saíste do Atlético.
Foto de Capa: Atlético de Madrid
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