Bernardo e a bola

    Cabeçalho Liga Inglesa

    Bernardo tem o toque dos predestinados. Quando ele agarra a bola, ela agarra-se a ele também, num abraço comovido de amor adolescente. Cada segundo afastados, é uma tortura, cada momento juntos, uma explosão de afectos que contagia quem os rodeia.

    A forma como se tratam faz despertar o lado mais fantasioso e ingénuo do futebol. A essência mais pura vem ao de cima quando eles desfilam por entre os salões (estádios) mais nobres rumo à concretização de um final, muitas vezes, feliz. O golo, a assistência ou o passe em rotura com tudo o que lhe antecede (o drible, o toque, a progressão).

    É normal que um amor destes deixe um rasto de inspiração. Entre os miúdos, que querem ter aquela relação especial, e os mais velhos, que passam a ser, por momentos, os miúdos que um dia idealizaram uma harmonia tão feliz.

    Uma relação especial Fonte: FPF
    Uma relação especial
    Fonte: FPF

    Uma coisa, porém, é sonhar, outra é alcançar. E nem todos o alcançam. Muito poucos, aliás. E é por isso que o expressão de Bernardo com a bola ganha contornos de malvadez. Porque muitos ficarão deslumbrados, quere-la-ão alcançar, mas só uma infinidade de predestinados terá, um dia, a capacidade de dançar com a bola com a naturalidade encantadora de Bernardo.

    Essa capacidade, naturalmente, desperta cobiças. Afinal, quem não quer ter um espetáculo destes no seu “salão”? O Manchester City ultrapassou a concorrência, pagou 50€ milhões e agora, os seus adeptos vão ter o privilégio de ver uma das coisas mais bonitas do futebol europeu acontecer, todos os fins-de-semanas, diante dos seus olhos.

    Porque Bernardo aceitou. Afinal, não aceitaria ver a sua dança “coordenada” por um coreógrafo qualquer. Tinha de ser um dos melhores do mundo. Como é Pep Guardiola.

    Foto de Capa: Goal.com

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