Anfield Road é hoje forrado a sorrisos rasgados um pouco por todo o lado. Por detrás deles, há a esperança, assente no forte início de temporada do Liverpool, de que pode ser este o ano em que os reds se reencontram com um título desaparecido há 27 anos.
É certo que não competem sozinhos, que há rivais na luta pelo título e que até há um, muito especial (Manchester United), que já leva dois pontos de vantagem, mas a forma como o Liverpool agarra o jogo desde o seu início e o toma para si, deixa deslumbrado, quase hipnotizado, quem não torce pelos reds e faz prever um futuro ainda mais sorridente na parte vermelha de Merseyside.
Apesar de Coutinho estar de fora, com gripes e lesões que calham bem a qualquer jogador que tente forçar uma transferência, a magia sente-se mais do que nunca desde que Klopp assumiu o comando dos reds. Como todos os truques de magia, este também explicação racional – o ponto de maturação do modelo de Jurgen Klopp.
Desde que chegou a Liverpool, em 2015, que o alemão tem trabalhado a sua filosofia de jogo (importada de Dortmund), baseada na contra-pressão (ou gegenpressing). Isto é, pressionar o adversário no momento da perda de bola. Simples de explicar, difícil de executar, porque exige atenção redobrada de quem acompanha a transição ofensiva do Liverpool, de forma a reposicionar-se rapidamente e porque requer trabalhar o ‘timming’ de ataque à bola de forma a não permitir a exploração da profunidade (‘costas’ da defesa do Liverpool).
Ora, na primeira época de Klopp, os reds conseguiram entusiasmar e até garantiram uma final da Liga Europa, mas perderam-na, e no campeonato não conseguiram a qualificação para as competições europeias. Na segunda, voltaram a entusiasmar, mas não foram além de um 4º lugar. Na terceira, para além do entusiasmo… ganham. E ganham bem. Descontando o jogo inaugural frente ao Watford, jogo em que o centro da defesa esteve demasiado permeável, sobretudo em resposta às bolas paradas, o Liverpool dominou sempre os adversários que teve pela frente, incluindo Hoffenheim, goleado por 6-3 nas duas mãos do playoff de acesso à Champions, e Arsenal, ridicularizado nos 4-0 (podiam ter sido muito mais) do passado Domingo.