Os dois lados tinham algo a provar. O United queria mostrar que a boa exibição na última jornada tinha sido mais que um momento feliz e o Arsenal tinha a intenção de se afirmar como candidato ao título depois de perder a liderança na última jornada. Mourinho queixava-se da simpatia e do respeito que os media nutriam por Wenger, lembrando que tinha ganho o último título “há 18 meses, não há 18 anos”, enquanto que o técnico francês procurava a primeira vitória contra o português em 12 partidas disputadas.
Neste contexto, como equipa, o United parecia ser a equipa com mais necessidade de se impor. E, de facto, entrou com mais vontade.
A equipa não se ressentiu das ausências de Zlatan e Bailly no onze inicial e entrou agressivo, com interessante circulação de bola, aproveitando a largura oferecida por Rashford que, frequentemente, descaia para as alas em busca de jogo, ainda que deixasse o eixo do ataque desprovido de uma referência. Uma acção anulou a outra, portanto, e a equipa não conseguia criar perigo, ainda que revelasse consistência e critério na forma como geria a posse, não permitindo que uma perda de bola trouxesse dissabores.
Nao resultavam os flancos, o United explorava o meio e, pelo corredor central, encontrou brechas (Elneny revelou-se permeável, falhando ao substituir Xhaka). Pogba foi importante para as abrir. Primeiro ao servir Mata, que se esquivou a marcação e rematou para defesa difícil de Cech e, depois, ao assumir papel importante na construção de um lance concluído por Martial, que também encontrou no guardião checo um obstáculo à felicidade.
Os Red Devils terminavam o primeiro tempo claramente por cima.
Ciente da superioridade do rival, o Arsenal acertou posicionamentos e começou a sair de forma cirúrgica para o ataque, porém, apesar de ter apanhado o United em contrapé, isso não trouxe grandes dividendos ofensivos, apesar de neutralizar o ataque adversário… até entrar Rooney.
Com a chegada do 10 do United, para o eixo do ataque, Rashford encostou-se à esquerda e Mata passou a pisar terrenos mais centrais e a equipa espevitou.
Carregou sobre o último terço contrário, fazendo cheirar a golo. E ele surgiu, naturalmente. Herrera, lançado sobre a direita por Pogba, procurou a linha de fundo, e cruzou para trás onde apareceu Mata a atirar a contar. 1-0.
Esperava-se uma reacção do Arsenal. Não existiu. O United continuou a gerir a posse com eficácia, e esteve sempre mais perto do 2-0 do que o seu rival do 1-1. Mas o futebol é cruel.
Numa iniciativa (a única), já em desespero, pela direita, Chamberlain fugiu a Blind e procurou a cabeça de alguém. Surgiu a de Giroud, e a bola entrou, fixando o resultado final a 2 minutos do fim. O United tentou reagir, mas não houve tempo. Estava confirmado o golpe de teatro… no teatro dos sonhos.
Ninguém saiu contente de Old Trafford. O United, apesar de revelar grande consistência e vincar superioridade sobre o adversário, não conseguiu “provar” isso no resultado, o Arsenal, apesar de ter tido a sorte do seu lado, mantém-se fora da liderança …
… e Wenger não conseguiu vencer Mourinho. Outra vez.