Villas-Boas e o White Hart Pain

    No espaço de um mês André Villas-Boas viu o seu estado de graça acabar no Tottenham Hotspurs. O treinador português estava já na segunda época ao leme dos Spurs e a verdade é que até aqui tinha feito um trabalho muito bem conseguido. Garantiu o 5º lugar e manteve-se na luta pela Liga dos Campeões até ao final da época, com o Arsenal e o Chelsea.

    O ano de estreia tinha passado e a exigência dos adeptos aumentou; estes só poderiam esperar o melhor da equipa. Apesar de a grande estrela, Gareth Bale, ter abandonado Londres, AVB movimentou-se muito bem no mercado, contratando Paulinho, Chadli, Roberto Soldado, Capoue, Chiricheş, Lamela e Eriksen. A equipa ficava com um plantel fortíssimo e cabia a Villas-Boas pôr o Tottenham a jogar um futebol de elevada qualidade.

    André Villas-Boas, ex-treinador do Tottenham / Fonte: telegraph.co.uk
    André Villas-Boas, ex-treinador do Tottenham / Fonte: telegraph.co.uk

    O início da época foi prometedor e no final de Outubro os Spurs só contabilizavam duas derrotas e um empate, ganhando todos os restantes jogos. A primeira derrota foi contra o Arsenal e o primeiro empate contra o Chelsea, ambos concorrentes diretos na luta pelos lugares cimeiros, e em jogos de elevada dificuldade. A outra derrota, frente ao West Ham, em casa, por 0-3, foi um “abrir de olhos” para a massa associativa e demonstrou as fragilidades da equipa.

    Iniciava-se o mês de Novembro e Villas-Boas parecia estar numa posição tranquila, mantendo uma distância segura para o Arsenal (em 1º lugar da liga), com a qualificação para a próxima fase da Liga Europa quase assegurada. Contudo, este mês traria o início a um sofrimento a que os media Ingleses chamaram “White Hart Pain”, numa alusão ao estádio do clube (White Hart Lane). Com um empate com o Everton, uma derrota em casa com o Newcastle e uma derrocada em Manchester, frente ao City, por 6-0, os adeptos ficavam apreensivos.

    O futebol jogado pelo Tottenham não era apelativo, e valia à equipa a sua capacidade defensiva. Os Spurs começaram a sentir a falta de Bale, que era um autêntico desbloqueador de jogos. Alguns jogadores, como Lamela, não tiveram uma adaptação rápida, e outros, como Eriksen, lesionaram-se. Também na frente, Soldado não tem tido a performance a que habituou os adeptos Ché, em Espanha.

    Gareth Bale, antiga estrela dos Spurs / Fonte: footballslive.blogspot.com
    Gareth Bale, antiga estrela dos Spurs / Fonte: footballslive.blogspot.com

    Em Dezembro as coisas não melhoraram muito; os resultados foram mais favoráveis, mas o futebol continuou a ser sofrido. Denotava-se uma dependência de jogadores individualistas que conseguissem, de um momento para o outro, resolver jogos. As duas vitórias (frente ao Sunderland e Fulham) não foram o suficiente para deixar AVB numa posição segura, e a derrota de ontem, em casa, frente ao Liverpool, por 5-0, foi a estocada final no treinador.

    De uma equipa que investiu mais de 100 milhões de euros em transferências espera-se muito mais. Em Inglaterra, os adeptos são extremamente compreensivos com os seus managers, mas exigem futebol atrativo e com muitos golos, algo que Villas-Boas não conseguiu dar a este Tottenham. Trata-se de um treinador muito novo, com dificuldade em manter o plantel unido e capaz de assimilar todas as suas ideias num curto espaço de tempo.

    O Daily Mail dava mesmo conta de que o treinador português sobreviveu à reunião de ontem com a Direção, mas a verdade é que Villas-Boas não aguentou e o facto de ter perdido o controlo do plantel (tal como aconteceu no Chelsea) não lhe permitiu recuperar a equipa animicamente. O treinador português não aguentou mais uma derrocada frente a um rival e hoje confirmou-se o seu despedimento. Já se fala mesmo num regresso do treinador ao Dragão.

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