Jogo grande da semana, ambiente quente típico de dérbi londrino e os nervos começaram a fazer-se sentir cá fora, com alguns desacatos entre adeptos das duas equipas. Cerca de 3000 adeptos da equipa do norte de Londres foram impedidos de entrar no recinto, o que motivou o atraso inicial do jogo (era para começar às 14h05 e só começou às 14h20). Até nisto a liga inglesa está um nível acima das restantes ligas europeias: quantos jogos do campeonato nacional começaram já sem os adeptos da equipa adversária no recinto? Imensos.
O Chelsea apostou numa pressão alta e no primeiro quarto de hora teve muito mais bola, mas sem criar verdadeiro perigo, um pouco condicionado pela má entrada em jogo de Schürrle: o alemão cada vez que tocava na bola entregava a posse da mesma à equipa adversária; a bola parecia que queimava. Aos 20 minutos há lugar para um caso extra-futebol quando, após uma entrada assassina de Cahill sobre Alexis Sanchéz, Wenger sai da sua área técnica e empurra Mourinho. Ânimos exaltados por parte dos dois treinadores, que acabaram por ser prontamente, e devidamente, advertidos pela equipa de arbitragem.
Hazard, por volta dos 25 minutos, começa a dar o ar de sua graça e arranca um amarelo a Chambers, numa das suas jogadas estilo rolo compressor que só o belga sabe fazer. Nesta altura um amigo meu dizia-me “o que falta a esta equipa é um Ronaldo, ou um Messi” e eu respondia calmamente: o Ronaldo do Chelsea é este menino. Nem dois minutos passavam e já estava o dito menino a rasgar a defesa toda dos Gunners e a conquistar um penalti. Com calma e com classe converteu e colocou a equipa de Mourinho na frente.
O Arsenal tentava reagir em contra-ataque, geralmente conduzido por Alexis, e chegou, inclusive, a fazer passes mortíferos, a isolar vários jogadores. Primeiro Wilshere, que domina mal e permite a defesa a Cech, e depois Cazorla, que não acreditou, decidiu voltar para trás e acabou por desperdiçar uma excelente oportunidade. Até ao final da primeira parte não aconteceu mais nada digno de registo. Contudo o jogo prometia e, no reatamento, o Arsenal entrou mais pressionante e determinado a mudar o rumo dos acontecimentos. Cazorla foi o primeiro a ameaçar, com um remate rente ao poste que pôs em sentido a equipa da casa.
No entanto, o Chelsea equilibrou o jogo e, com um ex-conhecido Arsenalista a pautar o jogo (Fabregas) e com a genialidade de Hazard, voltou a tomar conta do jogo e a criar perigo. Numa das cavalgadas de Hazard, a bola embateu no poste após ressaltar num jogador adversário e quase traiu Szczęsny. A equipa da casa crescia e os adeptos e o Arsenal sentiam que o segundo golo podia chegar a qualquer momento. Enquanto na primeira parte o jogo estava extremamente táctico e jogava-se muito no meio campo, na segunda o ritmo de jogo mudou e o futebol típico ofensivo inglês fez-se sentir, com oportunidades de perigo junto das duas balizas. Até que aos 77 minutos Fabregas viu coroada a sua exibição com um passe a isolar de forma genial Diego Costa, que somou mais um à já exagerada conta de golos na Premier League, com um chapéu irrepreensível a Szczęsny.
O 2-0 significava a morte do artista e a solidificação da liderança dos Blues. Só um milagre conseguiria salvar a equipa de Wenger, milagre esse que não chegou. Vitória do Chelsea, justa e relativamente fácil. Mourinho soma e segue e ameaça seriamente a conquista do título 2014/2015; reza a lenda que a segunda época de Mourinho nos clubes onde passa é recheada de títulos, este ano resta-nos esperar para ver.
A Figura
Hazard – jogo fantástico do belga, que mostrou o porquê de ser um dos melhores jogadores do mundo.
O Fora-de-Jogo
Wenger – o empurrão a Mourinho não é digno da suposta classe e tranquilidade do francês. Fica-lhe mal, especialmente num jogo que é visto por todo o mundo.