O FC Porto revalidou o título de campeão de Andebol, alcançando o heptacampeonato. Os dragões já tinham vencido o Sporting em casa (36-33, a.p., e 29-20), bastando-lhes portanto um triunfo em Odivelas para revalidar o título. Contudo, em casa os leões superiorizaram-se (23-22 e 25-24) e forçaram a “negra”, novamente em território portista. A jogar no Dragão Caixa e com um historial de confrontos claramente a seu favor nos últimos anos, o FC Porto bateu o Sporting (34-32 após dois prolongamentos) e venceu o título. O jogo, no entanto, foi tudo menos fácil.
Os dragões são objectivamente melhor equipa do que os adversários de hoje (mais soluções para cada posição, mais experiência, duas grandes soluções na baliza – ainda que ontem Hugo Laurentino estivesse lesionado – e a aura temível que os seis títulos seguidos – agora sete – lhes confere) e dominaram a generalidade da partida. Contudo, à medida que o regulamentar se ia aproximando do fim, os azuis-e-brancos foram afrouxando um pouco e o Sporting, de mansinho, recuperou um jogo que tinha estado praticamente perdido, uma vez que os leões raramente conseguiam baixar dos quatro golos de desvantagem.
Como já é habitual, a defesa dos da casa mostrou-se mais agressiva do que a dos leões, impedindo os forasteiros de jogar e forçando vários erros. Outros foram desencadeados pelo próprio Sporting, que continua a parecer bloquear mentalmente quando joga no Porto, onde já não ganha há mais de uma década. Ricardo Moreira, que tinha passado quase despercebido nos jogos de Odivelas, esteve em grande nível, assim como João Ferraz (até à expulsão), Daymaro Salina e o já inevitável Gilberto Duarte. Porém, a maior figura dos dragões – e aquela que, porventura, terá feito maior diferença nas contas finais – foi o guardião Alfredo Quintana, com várias defesas difíceis e em alturas cruciais. Do lado do Sporting, nem Ricardo Candeias nem Ricardo Correia se exibiram perto sequer do nível do luso-cubano, situação que pode também ter sido chave.
O Sporting apenas pareceu estar por cima do jogo à entrada para o prolongamento, após Fábio Magalhães empatar a partida com a execução notável de um livre directo quase impossível no último segundo. No tempo extra os leões chegaram a ter dois golos de vantagem e a apreensão reinou por minutos no Dragão Caixa, mas aí os portistas puxaram dos galões e conseguiram empatar. A 15 segundos do fim, no entanto, deu-se o caso do jogo: com a partida empatada a 30, os árbitros sancionaram com livre de 9 metros um lance de remate iminente que deveria ter sido ajuizado com a marcação de um livre de 7 metros. Em caso de golo leonino, a História teria sido outra. A arbitragem, até aí correcta, pareceu pender mais para os da casa a partir desse lance. No segundo prolongamento Pedro Portela viu um golo ser-lhe erradamente anulado por suposta violação da área, que as repetições desmentem.
O momento do Sporting foi o fim da segunda parte e o início do prolongamento, onde realmente as coisas pareciam poder tornar-se favoráveis aos leões. No entanto, o FC Porto foi superior não só na fase regular do campeonato como também, pode dizer-se, nestas finais, ainda que em menor grau. Os dragões acabam por ser justos campeões, embora os jogadores do Sporting tenham dado tudo. De salientar também a lesão de Rui Silva, provável reforço do FC Porto na próxima época, que desde cedo desfalcou os leões neste jogo. Este factor, juntamente com a expulsão de Frankis Carol, fez com que atletas como Bosko Bjelanovic e Pedro Spínola tenham tido mais minutos do que é habitual.
É preciso também saudar o regresso dos playoffs, que só engrandecem a modalidade. Há quanto tempo não víamos pavilhões cheios, um interesse tão generalizado à volta do andebol e uma incerteza tão acentuada quanto ao campeão? Por vezes apetece perguntar em que é que estão a pensar os responsáveis por este desporto em Portugal…
Foto de Capa: Facebook Oficial do FC Porto