Acabaram os postes?

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    Quer os mais novos treinadores acreditem ou não, já se jogou, e bem, sem a linha de três pontos e com o recurso ao jogo interior. No passado, para marcarem três pontos, os jogadores tinham, não só de converter um lançamento, mas também sofrer falta e marcar o lance livre…

    Fonte: NBA
    Fonte: NBA

    Os postes, no início da NBA, eram tão dominantes que tiveram de mudar as regras. Assim, para contrariarem o poder do gigante George Mikan (Minneapolis Lakers), ajustaram as medidas do “garrafão” (em 1951) e mais tarde fizeram o mesmo com Wilt Chamberlain (San Francisco Warriors, em 1964). O objectivo era claro: afastar os postes do cesto, de forma a baixarem a sua eficácia.

    Outra regra que tinha como objectivo tornar o jogo mais rápido e causar mais problemas aos gigantes aparece em 1955, com os 24 segundos de posse de bola. As equipas sob pressão ficam assim apenas com alguns segundos para passar o meio campo e para colocar a bola dentro no poste, que tem de tomar boas e rápidas decisões.

    Os lendários Bill Russell, Wilt Chamberlain, e Kareem Abdul-Jabbar, no seu tempo, eram imparáveis no bloco (poste médio/baixo), onde jogavam de costas para o cesto. Criavam jogo no ataque e na defesa desarmavam e conquistavam ressaltos. Mais tarde, Tim Duncan, Shaquille O’Neal e Yao Ming fizeram o mesmo.

    No passado, a regra de ouro das equipas era o ataque, ir à procura de fazer o lançamento de melhor percentagem (os mais próximos do cesto), e só lançar com garantia de ter ressalto ofensivo.

    A partir de 1979, com o aparecimento da linha dos triplos, quase acabaram os lançamentos médios e os postes perderam importância. A linha mudou o jogo, que passou de um jogo interior para um exterior. O ênfase passou para a melhoria dos lançadores exteriores. Com a linha “mágica”, os jogadores jogam bem mais afastados e o jogo de costas para o cesto passou de moda.

    Claro que para entendermos esta mudança radical temos que ter em conta que um aproveitamento de lançamentos duplos de 50% é igual a um de 40% com triplos. Assim, uma equipa para marcar 12 pontos necessitará de seis lançamentos de dois ou apenas quatro de três. Assim, muitos treinadores questionam os lançamentos curtos e médios já que, com o recurso aos triplos, podem marcar mais pontos por posse de bola.

    A mudança das regras alterou o jogo e não tenho dúvidas que hoje um poste como Hakeem Olajuwon não seria tão efectivo.

    Mas também não deixa de ser verdade que os fundamentos são pouco treinados, hoje quase nenhum poste sabe jogar de costas para o cesto, fazer uma finta de passe ou passar a bola no tempo certo.

    O basquetebol sempre foi um jogo em que no ataque o conceito dentro/fora esteve presente, com os postes tradicionalmente a serem dominantes no ataque (scorers) e protectores e intimidadores na defesa.

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    Mário Silva
    Mário Silvahttp://www.bolanarede.pt
    De jogador a treinador, o êxito foi uma constante. Se o Atletismo marcou o início da sua vida desportiva enquanto atleta, foi no Basquetebol que se destacou e ao qual entregou a sua vida, jogando em clubes como o Benfica, CIF – Clube Internacional de Futebol e Estrelas de Alvalade. Mas foi como treinador que se notabilizou, desde a época de 67/68 em que começou a ganhar títulos pelo que do desporto escolar até à Liga Profissional foi um passo. Treinou clubes como o Belenenses, Sporting, Imortal de Albufeira, CAB Madeira – Clube Amigos do Basquete, Seixal, Estrelas da Avenidada, Leiria Basket e Algés. Em Vila Franca de Xira fundou o Clube de Jovens Alves Redol, de quem é ainda hoje Presidente, tendo realizado um trabalho meritório e reconhecido na formação de centenas de jovens atletas, fazendo a ligação perfeita entre o desporto escolar e o desporto federado. De destacar ainda o papel de jornalista e comentador de televisão da modalidade na RTP, Eurosport, Sport TV, onde deu voz a várias edições de Jogos Olímpicos e da NBA. Entusiasmo, dedicação e resultados pautam o percurso profissional de Mário Silva.                                                                                                                                                 O Mário escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.