No verão passado, Kevin Durant tomou a decisão que muitos esperavam, mas que poucos queriam: pouco tempo depois de ser eliminado pelos Warriors, o extremo abandonou Westbrook em Oklahoma e juntou-se ao “inimigo”. Tal como aconteceu com LeBron em 2010, camisolas foram queimadas, os “guerreiros” da internet pegaram nos teclados e partiram para o insulto e Kevin Durant passou a ser o homem mais odiado na NBA. Porém, no passado sábado, KD levou tudo isto para outro nível. Durant foi a Utah e desrespeitou toda a gente, de adeptos a jogadores, com a mascote incluída e, no final, ainda lhes despedaçou os corações, qual assassino silencioso. Kevin Durant foi o vilão em Utah e eu… adorei!
Nunca pensei fazê-lo, se querem que seja sincero. Mesmo sendo adepto daqueles infames Heat de 2010 a 2014, KD levou tudo isto a um novo nível, juntando-se àquela que já seria, em teoria, a melhor equipa da NBA, semanas depois de o terem derrotado. Juntou-se ao inimigo e deixou o “irmão” Westbrook sozinho em OKC. Mas a verdade é que adorei tudo aquilo que Durant foi em Utah no jogo 3 destas meias-finais da conferência Oeste. O extremo dos Warriors percebeu, finalmente, que não vai escapar ao papel de traidor e optou por encarnar esse seu novo. Durant rouxe, acima de tudo, um extraordinário entretenimento a estes playoffs. E aquilo que os Warriors precisam que ele seja e que se calhar faltou em 2016: um jogador que resolve sozinho os problemas que a equipa não consegue, num ambiente hóstil.
Numa noite em que Stephen Curry e Klay Thompson andaram às aranhas em termos de lançamento (Curry terminou com 30% de eficácia, Thompson com 11%), Durant foi aos 38 pontos, acertando 15 em 26 tentativas e destruindo a defesa de Utah, com constantes lançamentos de meia-distância após bloqueio direto, por cima de quem quer que aparecesse. Ainda assim, o mais interessante da exibição de KD apareceu no período no qual costuma ser mais letal: o último.
Durant começou por ter uma pequena “conversa” com um adepto da equipa da casa, dizendo que não o conhecia. Depois, disse à sobre-entusiasta mascote dos Jazz para sair do campo, com palavras que não me são permitidas traduzir. Ainda foi a tempo de empurrar Gobert, uma das estrelas dos da casa, insultou-o e, depois do francês falhar os dois lances-livres correspondentes à falta cometida por Durant, insultou-o mais uma vez. E tudo isto haveria de terminar, como é óbvio, com um lançamento à tabela na cara de Hayward para selar a vitória dos Warriors em Utah e, praticamente, fechar a série.
Os Warriors já eram perigosos, com uma defesa sufocante e uma capacidade tremenda para mover a bola até encontrar o jogador sozinho. Agora que adicionaram a peça que lhes faltava, um jogador com um conjunto de armas ofensivas pouco habituais, alicerçadas numa velocidade e altura raramente vistas na história e com um “instinto assassino” só ao nível dos predestinados, esta equipa parece imbatível. Kevin Durant é exatamente o homem que faltava aos Golden State Warriors, mesmo que parecesse impossível alguém dizer que estes Warriors precisavam de algo mais, há um ano atrás.
Foto de Capa: Salut MAG