Estive muito perto de escrever uma ode a Russell Westbrook, mas depois percebi que não sei escrever odes e por isso decidi ficar-me pelo simples texto. Quem segue a NBA já viu e ouviu montes de gente a dizer o porquê de Westbrook merecer o MVP. Ou Harden. Ou Leonard. Ou LeBron. Ou Michael Jordan, que aparece sempre nestas discussões por alguma razão. Porém, nem é para falar de MVP nenhum que hoje escrevo. O que Westbrook fez esta temporada é histórico, é digno de vídeo-jogo e faz toda a gente que arranja maneira de diminuir o seu contributo para a história da NBA parecer um pouco, digamos em termos mais simpáticos, maluco.
Um recorde da NBA com mais de 50 anos foi batido. Podia resumir este artigo apenas nesta frase e certamente faria passar a minha mensagem. E podem apontar-se todos os erros e defeitos que o triplo-duplo apresenta, principalmente pela ausência de informação em termos de eficácia, mas não dá para ignorar que um jogador acabará uma temporada com mais de 30 pontos, mais de 10 ressaltos e mais de 10 assistências por jogo. Se não é um indicador de eficácia, o triplo-duplo é, no entanto, um indicador de produção. E os números do base dos Thunder são excelentes, não interessando para nada as voltas que se tente dar.
Aliás, eu nunca gostei muito de números. Muito menos no basquetebol. Acho que as pessoas se agarram demasiado à estatística para comparar jogadores e para puxar a “brasa à sua sardinha”, por vezes com argumentos sem sentido apoiados por números sem efeito. Mas a verdade é que estes números que Russ apresenta são demasiado anormais e especiais para a reação de quem quer que seja ser um simples e seco “Meh…”.
Foi no passado domingo que Westbrook quebrou o recorde de 41 triplos-duplos numa época. Depois de exibições em que recuperou desvantagens de 13 e 14 pontos nos últimos minutos, em Orlando e Dallas, respetivamente, Russell foi obrigado a fazer o mesmo em Denver. E fez em grande estilo. Poucos minutos depois de garantido o seu 42º triplo-duplo da temporada, o número zero de OKC recebeu a bola a uns bons metros da linha de três pontos e afundou as esperanças dos Nuggets de chegarem aos playoffs com um triplaço. Domingo foi dia de Westbrook, tal como a época 2016/17 deverá ser também.
Na era do “É o primeiro jogador a conseguir 15 pontos e 10 ressaltos, enquanto dribla a bola três vezes a 1,17 metros do chão e tem um cão chamado Pascal”, ou seja, estatísticas e recordes desnecessários, Westbrook bateu um recorde que existia décadas antes de o próprio jogador de OKC existir. E muitos dirão que esta é mais uma estatística sem sentido, como aquela acima (que está ainda por obter), mas reforço: a produtividade de Russell Westbrook, adicionada à maneira como colou os adeptos ao ecrã, com múltiplas exibições incríveis, ficará na história. Esta é uma época que ficará nos livros e isso ninguém tirará ao base dos Thunder.
Foto de capa: newsok
Artigo revisto por: Francisca Carvalho