As folhas caídas da Lombardia recebem a última grande festa do ciclismo da época

    Cabeçalho modalidadesA “Clássica das folhas caídas” é a última grande prova da temporada e o mais imprevisível dos 5 monumentos do ciclismo. Desde a sua criação em 1905, nesse ano como Milano-Milano, que o Giro di Lombardia ou simplesmente Il Lombardia tem levado os ciclistas pelas várias subidas da região, com um percurso variável e baseado essencialmente à volta de Milão, Bergamo e Como. Em Itália, a mística da corrida é tremenda, já que simboliza a chegada do outono e o fim da época, contrastando com o outro Monumento italiano, a Milano-San Remo que marca a chegada da primavera e o começo da temporada. Por isso, a motivação é maior para os homens da casa que venceram 68 das 110 edições da prova, em que os maiores campeões são Fausto Coppi com 5 vitórias e Alfredo Binda com 4. Entre os ciclistas no ativo, há dois que já venceram por mais que uma vez esta prova, o eterno ‘príncipe’ italiano Damiano Cunego (3) e o belga Philippe Gilbert (2).

    Esta prova de final de época não é igual às provas acidentadas a que estamos habituados, passando por subidas bem mais longas que as tradicionais curtas e explosivas das ardenas e, por isso, adapta-se mais aos trepadores e não tanto aos especialistas das provas de um dia. Além disso, o percurso altera-se de ano para ano, ainda que se mantenham recorrentemente várias subidas. Este ano, vai de Bergamo a Como e os ciclistas enfrentarão, além de outras quatro subidas, as históricas Madonna del Ghisallo e Muro di Sormano.

    Para a edição deste sábado, os favoritos começaram a mostra-se na semana de clássicas italianas que antecede o último monumento da época. São provas de um dia menos duros, mas com dificuldades a que muitos ciclistas recorrem para prepara Il Lombardia. Este ano, Giovanni Visconti ganhou o Giro dell’Emilia, Luis Leon Sanchez o GP Bruno Beghelli, Alexandre Geniez o Tre Valli Varesine e Rigoberto Uran o Milano-Torino. Estas corridas permitiram já analisar quem se apresenta em forma e nesta análise é importante atender, mais que aos vencedores, aqueles que recorrentemente estiveram com exibições solidas entre os primeiros.

    Vincenzo Nibali é o maior favorito e tentará repetir a vitória de 2015
    Fonte: Il Lombardia

    O primeiro nome na cabeça de todos é o de Vincenzo Nibali. O italiano teve uma época extremamente regular, ainda que com poucas vitórias, alcançando o 3º lugar no Giro e o 2º na Vuelta e tem-se demonstrado em grande forma física nas clássicas italianas que antecedem Il Lombardia. Para aquele que é, sem grandes dúvidas, o melhor ciclista italiano da sua geração, esta é uma prova sempre especial e a visão de Nibali ao ataque aqui já se tornou habitual. O percurso adapta-se-lhe bem e o deste ano é igual ao de 2015, quando alcançou a vitória após uma cavalgada a solo.

    Entre os seus maiores opositores encontra-se a Team Sky, que tem várias opções para discutir a corrida, desde Michal Kwiatkowski que pretende juntar-se aos 7 ciclistas que vencerem os dois monumentos italianos, o da Primavera (Milano-San Remo) e o de outono (Il Lombardia), no mesmo ano, até Diego Rosa que o ano passado foi 2º, só batido por Esteban Caves. Na equipa conta-se ainda Wout Poels, Mikel Landa e Gianni Moscon, qualquer com capacidade para vencer a jornada.

    Rigoberto Uran, 2º do Tour de France deste ano e que venceu a Milano-Torino, é um crónico candidato aqui e já por três vezes finalizou no podium, a última delas com o 3º lugar da época transata. A Quick-Step Floors tem dois homens que já sabem o que é vencer aqui, Philippe Gilbert e Daniel Martin, e ainda Julian Alaphilippe, que mostrou estar bem com uma exibição de gala nos Campeonatos do Mundo. A corrida deverá ser demasiado dura para Tim Wellens e Diego Ulissi, mas a qualidade destes faz com que não possam ser descartados. Para além destes principais nome, há um grande leque de segundas linhas que, no dia certo, podem entrar na discussão pela vitória e no qual se incluem nomes como Thibaut Pinot, Adam Yates ou o português Rui Costa.

    Quando os ciclistas enfrentarem os 247 quilómetros pelas subidas da Lombardia, a primeira parte da corrida deverá ser dominada por uma fuga e pelo desgaste da distância e do sobe e desce. À passagem da Madonna del Ghisallo, deverá assistir-se às primeiras grandes seleções do grupo principal e o Muro di Sormano poderá já trazer ataques de alguns dos nomes sonantes. Finalmente, as mais pequenas ascensões a Civiglio e a San Fermo della Battaglia – e as respetivas descidas, em que Nibali tanto gosta de mexer – decidirão a corrida e o provável é que se assista a apenas um grupo muito pequeno ou mesmo um ciclista isolado chegar às margens do Lago Como para consagrar o vencedor da Il Lombardia 2017.

     

    Foto de Capa: Il Lombardia

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