No dia em que se assinala a morte de Ayrton Senna, Nico Rosberg continuou a inesgotável vaga de vitórias e conquistou o Grande Prémio da Rússia. O alemão, que nunca tinha vencido em Sochi, deu bom uso à pole-position e coleccionou a sétima vitória consecutiva.
Lewis Hamilton voltou a ser perseguido pelo azar na qualificação desta semana. Um problema no motor, que, aparentemente, é o mesmo que prejudicou o piloto na China, impediu-o de conseguir melhor do que a décima posição da grelha. Este ano, parece que a sorte está confinada ao outro lado da garagem da Mercedes.
Sebastian Vettel, que até tinha conseguido o segundo melhor tempo, foi penalizado em cinco lugares devido a uma mudança imprevista da caixa de velocidades e saiu de uma modesta sétima posição. Assim, Valtteri Bottas garantiu o segundo lugar no grid, seguido de Kimi Raikkonen.
No arranque, Rosberg segurou a liderança e fugiu aos perseguidores. Já Vettel não passou da segunda curva. Dois toques de Daniil Kvyat – um na primeira curva, outro na segunda – estragaram aquela que seria uma corrida de recuperação do alemão. O piloto da Ferrari mostrou-se indignado com o colega da Red Bull, que não soube apresentar justificações; tudo o que Kvyat disse foi: “Não te vi, Seb”. Algo vai mal na Fórmula 1 quando um incidente como estes não é analisado. Mas era o GP da Rússia, Kvyat é russo e Vladimir Putin estava na tribuna.
Lewis Hamilton é exímio a galgar posições em tempo recorde e demonstrou-o uma vez mais em Sochi. À 25.ª volta, o inglês estava já a 12 segundos de Rosberg. Mas, quando a diferença já se situava abaixo dos sete segundos, a Mercedes alertou Hamilton para problemas na pressão de água. A partir de aqui, Lewis limitou-se à segunda posição do pódio e não voltou a atacar o colega de equipa. Estará a Mercedes a querer compensar Rosberg pela época passada? Apesar do ímpeto vitorioso do alemão, as qualificações e as consequentes corridas estão a ser claramente orientadas a seu favor.
Até ao fim, pouco mais a contar. Rosberg controlou calmamente a corrida, Hamilton segurou a dobradinha da Mercedes e Raikkonen garantiu o pódio para a Ferrari. Assim sendo, os momentos mais emocionantes do GP passavam-se na luta pelos pontos. Magnussen liderava um grupo de combate que tinha Grosjean, Perez, Sainz e Button.
Nota positiva para a McLaren, que conquistou os primeiros pontos da temporada – logo com os dois carros nos dez primeiros. Alonso garantiu um fantástico sexto lugar e Jenson Button ficou com a última posição pontuável, depois de uma autêntica batalha com Ricciardo e Sainz. Na antevisão desta época, falei numa possível temporada surpresa da McLaren, com o talento individual dos pilotos a vir ao de cima. O GP deste fim-de-semana mostrou que esta premissa ainda não está completamente derrotada.
Nota negativa para Daniil Kvyat, que arruinou a corrida de Sebastian Vettel. O russo da Red Bull tocou por duas vezes no Ferrari do alemão, por trás, e não soube apresentar justificações plausíveis. Numa F1 cada vez mais dominada por penalizações aos pilotos, é estranho que Kvyat não tenha sido admoestado.
Nico Rosberg venceu mais uma vez e é cada vez mais líder; está já com 33 pontos de avanço em relação a Lewis Hamilton. A Fórmula 1 sai mal desde Grande Prémio: a proximidade de Bernie Ecclestone e Vladimir Putin deixou os fãs da modalidade indignados. Senna não estaria orgulhoso. A F1 volta no fim-de-semana de 13 a 15 de Maio, com o GP de Espanha.
Foto de Capa: Mercedes AMG Petronas