Um campeonato assombrado

    cab desportos motorizados

    De teorias da conspiração está o mundo cheio, mas o desporto motorizado mundial ganhou mais duas no último domingo; no que toca ao MotoGP a Carolina fala-vos aqui do assunto, do Campeonato Nacional de Ralis (CNR) vou falar-vos nas próximas linhas.

    José Pedro Fontes sagrou-se campeão nacional de ralis com o seu segundo lugar no Rali do Algarve. Um título que como aqui escrevi em Março era de esperar, mas que nas estradas deixa um certo ar de incerteza no ar.

    Se existisse campeonato de Asfalto e de Terra em separado não existiria dúvida de quem era o melhor em qualquer um deles: Fontes no primeiro e Moura no segundo. E em 2015 Moura foi o único a conseguir vencer nos dois terrenos. Mas num campeonato misto e com quatro provas em cada superfície foi preciso esperar até à última PEC (Prova Especial de Classificação) para saber o vencedor de 2015.

    Mas antes de irmos à polémica de final de campeonato vou fazer um pequeno resumo da prova. Com a mudança da prova algarvia do asfalto para a terra Ricardo Moura apresentava-se como principal candidato à vitória. E a prova começou desta forma, com Moura na frente ao ganhar a primeira PEC, mas o primeiro dia de prova teve uma boa surpresa. Carlos Vieira, que estava a fazer apenas a sua segunda prova em terra, apresentou um ritmo muito bom e terminou o dia na frente ao ganhar as três PEC’s restantes. Um bom valor para os nossos ralis e que espero que em 2016 confirme o que mostrou este ano.

    Fontes ao lado da máquina vencedora Foto: Arquivo pessoal
    Fontes ao lado da máquina vencedora
    Foto: Arquivo pessoal

    O segundo dia de prova começou com um toque de Carlos Vieira que o fez perder muito tempo e deixar de lutar pela vitória. A partir daí Moura passou para a frente e nunca mais saiu da liderança. O problema para o açoriano foi que Fontes passou de terceiro para segundo a uma PEC do fim da prova após um furo de Pedro Meireles. É precisamente aqui que começa a teoria da conspiração. Pedro Meireles é colega de equipa de José Pedro Fontes e este ao passar para segundo sagrou-se campeão nacional, o que não aconteceria com o lugar mais baixo do pódio.

    O problema aqui resiste no facto de toda a gente já saber que este furo, ou outro problema qualquer que fizesse Meireles perder tempo e o segundo lugar, ia acontecer, possibilitando assim o título a Fontes, que não estava com andamento para recuperar na estrada o lugar que lhe dava o título.

    A assombrar este título está também a penúltima prova. Ricardo Moura acusa Fontes de o atrasar propositadamente nesta prova, depois de um furo. Fontes, alegadamente, terá esperado por Moura de forma a que este fosse sempre no seu pó e assim perder tempo. O facto é que Moura acabou em terceiro a meio segundo de Carlos Martins, também colega de equipa de Fontes. Se tivesse terminado em segundo teria sido o campeão.

    Eu não quero com isto dizer que o furo foi propositado, afinal não tenho dados para o fazer, mas, que levanta muitas dúvidas, levanta. É triste que num ano em que o CNR foi muito animado o assunto mais debatido seja o dos jogos de equipa e não o das prestações ao volante.

    É importante ainda referir o título de Marco Cid nas duas rodas motorizes ao bater João Ruivo no Algarve e ganhou assim o seu primeiro título nacional num espetacular, mas já algo desactualizado Clio S1600.

    Resta-me desejar que 2016 seja um ano ainda melhor que este – e promete sê-lo – assim como que o que interesse seja a prestação desportiva e não os jogos de bastidores.

     

    Foto de capa: Zé Gonzo

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    Rodrigo Fernandes
    Rodrigo Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    O Rodrigo adora desporto desde que se lembra de ser gente. Do Futebol às modalidades ditas amadoras são poucos os desportos de que não gosta. Ele escreve principalmente sobre modalidades, por considerar que merecem ter mais voz. Os Jogos Olímpicos, por ele, eram todos os anos.                                                                                                                                                 O Rodrigo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.