Os eSports em Portugal

    Há excepções e altos e baixos, mas, por norma, os vencedores dos eventos mais relevantes saem daquela lista. Os vetustos K1ck contam com um palmarés invejável, com perto de 800 conquistas no pódio desde o longínquo ano de 1999. Mais recentes, a FTW  logrou atingir também um palmarés de respeito, cobrindo uma inigualável quantidade de jogos diferentes. Com menos tempo de actividade e centrando-se quase exclusivamente no Counter-Strike, a Alientech consegue também um historial digno de registo, alargando o seu ramo de actividades à organização de eventos. A estas juntam-se outras equipas nacionais em diferentes patamares de antiguidade, estabilidade e resultados a quem recentemente começaram a juntar-se os clubes de Futebol. Estes trazem uma aura de seriedade para um negócio que, convenhamos, fruto do desconhecimento e do preconceito, ainda vai sendo visto como uma coisa para crianças.

    A LPLOL na Comic Con Portugal Fonte: LPLOL
    A LPLOL na Comic Con Portugal
    Fonte: LPLOL

    Como aqui referimos, há umas semanas, o Sporting CP terá sido o pioneiro. Com uma estutura robusta, não deixou de revelar algumas fragilidades na forma como entrou no mundo dos eSports. O desconhecimento do mercado terá provocado esse faux pas. O nome do Sporting não carrega, no mundo dos eSports, o mesmo que carrega no mundo do futebol ou do atletismo. Não há, portanto, jogadores dispostos a largar as suas equipas só pelo gozo de envergar a camisola do seu clube de eleição – partindo do princípio que seja esse o caso, porque não sendo, até poderá haver alguma resistência. Acresce a isso o facto de, com as melhores equipas, o mercado ter evoluído a ponto de, tal como no futebol, haver contratos com os jogadores e cláusulas de rescisão a pagar.

    A promessa de uma entrada de Leão no mundo dos eSports terá, portanto, ficado curta, com o Sporting a não conseguir, conforme anunciara ser sua pretensão, equipas competitivas para Counter-Strike: Global Offensive e League of Legends. Nem tão-pouco para Dota 2 ou Hearthstone. O máximo que conseguiu, na altura, foi uma cara conhecida para FIFA 17, um jogo que na altura se encontrava ainda numa fase muito embrionária da sua vertente competitiva. A coisa terá mudado, aos poucos, e o Sporting tem vindo a adaptar-se às realidades do mercado dos eSports nacionais. Em todo caso, seguiram-se outras equipas. O CF ” Os Belenenses”, o SC Farense, o CD Feirense e, mais recentemente, o Boavista FC (este a adquirir uma equipa de League of Legends a competir na LPLOL).

    Torneio de esports organizado pela Federação Portuguesa de Futebol Fonte: FPF
    Torneio de eSports organizado pela Federação Portuguesa de Futebol
    Fonte: FPF

    As coisas vão crescendo, sim, mas aos poucos. Em lume brando. E com um foco demasiado no nacional, num mercado que, como vimos, é maioritariamente global e que depende de patrocinadores libertos das amarras locais para crescer. Com algumas aventuras curiosas no estrangeiro, com destaque para K1ck, Grow uP e For The Win, faltará ainda uma presença constante e ambiciosa em eventos internacionais de topo, seja com equipas, seja com jogadores. Há matéria-prima para isso, como vamos vendo pelos casos de Fox, maniaKK, xico ou Quinzas. Mas parece faltar por cá o nível de empenho e o investimento necessário para que tal passe a suceder-se com equipas mais do que com jogadores individuais.

    Foto de Capa: LGW

    Artigo revisto por: Francisca Carvalho

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    Ricardo Mota
    Ricardo Motahttp://www.bolanarede.pt
    Desde há muito tempo ligado ao mundo dos videojogos, Ricardo Mota é Professor de criação de videojogos no Instituto Politécnico da Maia. Escreve sobre videojogos e desportos electrónicos para o Rubber Chicken, a RTP Arena e o Observador e traz agora para o Bola na Rede os primeiros passos sobre os esports. Organiza o projecto Indie Dome, na Lisboa Games Week, e trabalha como Relações Públicas e Gestor de Comunidades na Bigmoon Studios.                                                                                                                                                 O Ricardo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.