No passado Sábado encerrou-se a primeira liga de hóquei em patins. Como não poderia deixar de ser, a polémica na arbitragem também chegou às modalidades, e pelos vistos o denominador comum, ou seja, o Benfica, também está presente. O título esteve em aberto até à última jornada, sendo que o Benfica partia em vantagem sobre o FC Porto e a Oliveirense, que vinha mais atrás na tabela mas que, ainda assim, aspirava ao primeiro lugar. A equipa encarnada deslocou-se à “casa” dos verdes e brancos enquanto que o Porto recebia, na mesma altura, o Riba D’Ave no Dragão Caixa. Os azuis cumpriram a sua missão – a de vencer – e o Sporting concedeu ao Benfica um empate que o atirou para o segundo lugar da tabela classificativa e consequentemente o conduziu à perda do título de campeão nacional.
Até poderia ter tudo acabado bem se não fosse um golo anulado aos encarnados nos últimos segundos da partida – que colocaria o resultado em 5-6 e que daria o título ao Benfica. A partir daí, começou o caos. Quando se deu o apito final do dérbi eterno, o Porto festejou e os momentos lamentáveis que se sucederam em Alverca são uma verdadeira nódoa no desporto nacional mas também uma continuação de uma equipa de arbitragem que tentou a todo o custo que o campo se inclinasse quando o resultado estava em 5-3 a favor dos leões.
A cerca de três minutos do fim do jogo, a sucessão absurda de cartões azuis aos jogadores do Sporting, a marcação de livres diretos e a sua repetição quando Ângelo Girão os defendia rapidamente colocou o marcador empatado. A dez segundos do final, o Benfica viu o seu último lance (que deu em golo) bem anulado, levando João Rodrigues a festejar mas a perceber pouco tempo depois que o tento não valia. Porquê? As regras são claras: quando um jogador toca na bola com qualquer parte do corpo dentro da área e, ainda por cima, beneficia disso, deve ser assinalada falta ou, neste caso, o golo deve ser anulado.
Na verdade, aquilo que mais me espanta é a coragem que a dupla de arbitragem, composta por Paulo Rainha e Júlio Teixeira, teve ao anular um golo do título ao Benfica depois de passar grande parte do jogo a fazer os possíveis para dar a taça de “bandeja”. A partir daí, o Benfica já reagiu, e pelo que parece está a preparar uma exposição que será enviada à Federação Portuguesa de Patinagem. Vamos ver o que poderá vir a acontecer à dupla de arbitragem mas, se os critérios forem os mesmos que os do futebol, se calhar é provável que estejam condenados à descida mesmo que tenham acertado na decisão. Marco Ferreira que o diga.
Mais uma vez, a hipocrisia do Benfica vem ao de cima. No jogo da primeira volta contra o Sporting (e falo apenas desse jogo mas durante a época muitos outros casos poderiam ser aqui apontados), em que os encarnados ganharam por 5-4 com muita polémica à mistura (mais uma vez contra o clube verde e branco), o Benfica não ousou criticar ninguém com toda a sua fúria, mesmo que tantos cartões azuis, penáltis, expulsões e consecutivas inferioridades numéricas para o Sporting fossem uma vergonha para o hóquei português.
Afinal parece que, no final, se o resultado servir os interesses está tudo bem; quando se comprova o contrário é que já são todos incompetentes e merecem ser castigados por isso. Posto isto, e continuando a falar de hipocrisia, o capitão benfiquista João Rodrigues vem falar de revolta, frustração, tristeza e vergonha e na força que não encontra para se reerguer. Pois bem, será que ele já se questionou sobre o número de atletas e adeptos de outros clubes que sentiram isso mesmo ao jogarem contra o Benfica e ao serem constantemente prejudicados tanto no hóquei como em outras modalidades? Realmente, deixemo-nos de falsos moralismos porque o Benfica não é, nem de perto nem de longe, o inocente desta história.
No meio de tudo isto (e muito mais), só me apetece concluir este artigo com uma célebre frase entre os verdes e brancos: “Se eu nascesse agora, sabendo o que sei hoje, seria do Sporting outra vez”.
Foto de Capa: Verangola.net