Maria Heitor, 27 anos, é atleta do clube francês LMR Club Villeneuvois e presença assídua na Selecção Nacional de 7s, pela qual fez a estreia em 2015. Depois de passagens pela Agronomia, RC Loulé e SL Benfica, a avançada não pensou duas vezes quando recebeu uma proposta do clube LMR Club Villeneuvois, sediado em Lille, e tornou-se numa das primeiras atletas femininas portuguesas a sair do país para jogar rugby num campeonato estrangeiro. Na época de estreia passou por fases delicadas (a contas com lesões), mas no final sorriu com a conquista do campeonato francês – Élite TOP-8.
Bola na Rede (BnR): Quando, e de que forma, entrou o rugby na sua vida?
Maria Heitor (MH):O rugby apareceu na minha vida quando tinha quinze anos e uma amiga, que jogava na Agronomia, me desafiou para experimentar. Na altura não estava muito interessada, mas depois de pesquisar um bocadinho sobre a equipa e, mesmo antes do primeiro treino, fui comprar um par de chuteiras e aventurei-me.
BnR: Como analisa o nível do rugby feminino em Portugal?
MH: É uma pergunta que me divide sempre. Se por um lado há um conjunto de atletas que evoluíram muito nos últimos anos, por outro, o nível competitivo baixou significativamente. O rugby de XV desapareceu e as atletas passam uma época entre torneios de X ou de VII. Penso que o rugby feminino precisa de ser reestruturado. Desde sempre me ensinaram que no rugby todos tinham o seu lugar, infelizmente com o rugby de VII isto não se verifica.Com o fim da Supertaça, Campeonato nacional e Taça de Portugal de 13 (versão adaptada do rugby de XV) as equipas perderam muitas jogadoras, que o digam equipas como Agrária, Agronomia, Bairrada, SL Benfica, CDUP, CRAV, RC Loulé e Técnico, grandes potências do rugby de 13.
BnR: No ano passado, 2015, estreou-se oficialmente pela Selecção Nacional. Quais as ambições com a camisola das quinas?
MH: Após um torneio de qualificação europeia em que poucos acreditavam em nós, acredito que temos uma equipa que pode bater-se contra as melhores. Claro que o meu sonho este ano será a qualificação olímpica. Difícil sim… Mas se fosse fácil o encanto não era o mesmo.
BnR: O que a motivou a ir jogar num clube (LMR Club Villeneuvois) de outro país (França)?
MH: Sempre sonhei em ir jogar para fora de Portugal. Como avançada que sou, a falta de rugby de XV foi o grande motivo para a minha vinda para o LMRCV. No ano passado, numa digressão com o SL Benfica à Bélgica, defrontámos a final do torneio contra a minha actual equipa. Ao longo do jogo só desejava que os jogos em Portugal tivessem o mesmo nível e a mesma intensidade que aquele. A partir daquele momento percebi para onde queria ir jogar.
BnR: Onde residem as principais diferenças encontradas entre o nível de rugby português e o francês?
MH: Penso que as grandes diferenças passam pela organização de cada equipa, clube, comité, federação e a importância do desporto na sociedade francesa.