O Monte Carlo Masters marcou a entrada “a sério” na temporada de terra batida, tratando-se este do primeiro torneio do ATP World Tour Masters 1000 a ser realizado nessa superfície em 2017. A chegada ao pó de tijolo marcou, igualmente, o regresso às grandes vitórias do maior especialista da história do ténis nessa superfície: Rafael Nadal.
Num torneio que, à partida, não contava com Roger Federer e Kei Nishikori, a oportunidade era de ouro para Andy Murray e Novak Djokovic regressarem às vitórias. Para Stan Wawrinka as possibilidades de sucesso era também significativas, mas era Rafael Nadal, pela sua supremacia em terra batida e pelo excelente início de época realizado, o principal favorito à conquista do torneio. O espanhol ainda tremeu na segunda ronda, frente a Kyle Edmund, tendo a necessidade de levar o jogo a um terceiro set mas, daí em diante, foi absolutamente imperial.
Andy Murray e Stan Wawrinka foram os primeiros favoritos a cair, logo na terceira ronda, ambos frentes a espanhóis que, como é habitual em “nuestros hermanos”, são especialistas em terra batida. Murray foi derrotado em três sets por Albert Ramos-Vinolas e agravou ainda mais a sua crise de resultados; já Wawrinka foi atropelado por Pablo Cuevas em apenas dois sets (6-4 e 6-4) mas, pese embora o resultado menos conseguido, não deixou transparecer a instabilidade emocional que sempre foi evidente no escocês. Já Novak Djokovic avançou até à quarta ronda mas, aí, não foi capaz de bater o belga David Goffin, que se impôs perante o sérvio numa verdadeira batalha em três sets (6-2, 3-6 e 7-5). Para Djokovic o início de temporada tem sido um verdadeiro pesadelo, sendo evidente que as qualidades técnicas do sérvio, que se mantêm intactas, não têm sido suficientes para colmatar a grave crise de confiança que este atravessa. Fica a ideia de que Murray e Djokovic, a manter-se esta tendência negativa, não figurarão entre os principais favoritos à conquista de Roland Garros.
Por outro lado, “El Toro” mantém-se num excelente momento e, chegado à sua superfície favorita, encontra-se verdadeiramente em estágio para a conquista de “La Decima” em Roland Garros. Rafael Nadal já não tem a capacidade física de outrora o que, para um tenista em que dimensão física do jogo é tão relevante, lhe retira algum do poderio que apresentou no passado. Porém, a sua garra e agressividade, aliadas a uma direita carregada de topspin, fazem de Nadal um atleta temível, que não dá uma bola por perdida e procura controlar os encontros desde a primeira pancada. Ao longo do torneio, e após a segunda ronda, não mais viria a perder qualquer set e, encontro após encontro, foi vulgarizando tenistas como Alexander Zverev ou David Goffin.
Na final, em apenas 1h17m, “El Toro” venceu o compatriota Albert Ramos-Vinolas e viria a conquistar o seu décimo título em Monte Carlo. A final teve pouca história, com Ramos-Vinolas a não dispor de qualquer ponto de break ao longo de todo o encontro. A vitória de Nadal no Principado é histórica, na medida em que nunca um tenista havia conseguido vencer por tantas vezes um mesmo torneio. Agora, regressado do top 5 da hierarquia mundial, Nadal pretende repetir a façanha em Paris com o ataque ao décimo título de Roland Garros. Perante o momento de forma do espanhol, a “crise” dos principais adversários e a incerteza de Roger Federer relativamente à participação no torneio, é bem provável que no início de junho se venha a escrever mais um capítulo na história do ténis.
Foto de capa: Monte Carlo Masters