Vira o disco e toca o mesmo

    Cabeçalho modalidadesJoão Sousa foi eliminado na ronda inaugural de Wimbledon. Outra vez. O mais bem classificado tenista português de todos os tempos apenas conseguiu por uma vez vencer a primeira ronda em Wimbledon (2016, quando atingiu a 3ªRonda da prova) e hoje, frente a Dustin Brown, veio confirmar que a época de 2017 está longe de estar a ser bem conseguida. É de recordar que a época começou bem ao português de 28 anos, com a disputa da Final do torneio de Auckland em piso duro, e boas prestações em Buenos Aires e São Paulo (ambas disputadas sob terra batida). Desde esse torneio – São Paulo, disputado nos primeiros dias de março – João venceu apenas três encontros de singulares a contar para o circuito ATP (a Taça Davis é uma prova ITF) e desceu desde o 35º posto para o 62º na hierarquia mundial do ténis masculino.

    Para a derrota de hoje pesaram, a meu ver, muitos fatores, tendo o João e a sua equipa técnica responsabilidade direta em alguns deles, mas não em todos. Começando pelo planeamento que foi feito em torno do major inglês, a equipa técnica do português decidiu que este deveria disputar dois torneios nas três semanas que separaram Roland Garros de Wimbledon. A maioria dos jogadores opta por se manter por perto, disputando os torneios que se disputam sob relva em solo alemão, holandês ou britânico.

    O atleta natural de Guimarães optou por jogar o ATP500 de Halle, Alemanha, tendo sido derrotado pelo homem da casa Philipp Kohlschreiber e depois disso tomou a arriscada (e a meu ver errada) decisão de ir disputar um torneio que surgiu este ano no calendário ATP pela primeira vez e que se disputa a sensivelmente 3500 km do local onde jogou hoje, em Antália, Turquia, obrigando o português a percorrer mais de 6000 km numa semana e muitas mais horas de viagens do que aquelas que seriam exigidas caso João disputasse o torneio que se disputava em simultâneo em Eastbourne, Inglaterra a cerca 90km de Londres. Uma decisão difícil de compreender até porque o torneio turco era aquele que menor recompensa financeira oferecia aos atletas que o disputassem e o resultado foi uma derrota esclarecedora na ronda inaugural frente ao moldavo Radu Albot (Albot d. Sousa 7/6 (2); 6/2).

    Fonte: Facebook Oficial de Dustin Brown
    Fonte: Jordan Mansfield

    Regressado a Londres, João Sousa teve pela frente o “Rasta-man” do circuito, o jamaico-alemão Dustin Brown que é sempre recebido em grande alvoroço quando chega a época de relva – a sua superfície predileta – devido aos seus volleys em mergulho juntos à rede, drop shots e tantos outros “números” que Brown executa como ninguém, deixando o estádio a aplaudir de pé e a seu favor. Porém, tudo o que se passou hoje no encontro entre João Sousa e Dustin Brown foi um ténis desinspirado e falhão parte a parte. O português até entrou melhor, e, mantendo o break que fez quando Brown servia a 1-3, levou de vencida o primeiro set por por 6-3. O encontro poderia porventura ter sido decidido na segunda partida, que foi equilibrada e desembocou num tie-break que o português perdeu com uma direita falhada quando servia com 5-6. Nesse momento, com um set para cada lado, viu-se um Dustin Brown mais disponível em termos físicos, o que o levou a falhar menos e assim, ver o terceiro e quarto sets caírem para o seu lado ambos pelo parcial de 6-4.

    Fica para a história mais uma participação no quadro principal de Wimbledon apesar de terminar cedo o que já era, infelizmente, previsível nesta edição da prova britânica. João fará agora uma pausa para regressar nos torneios que antecedem o US Open, o último Grand Slam da temporada.

    Foto de Capa: Facebook Oficial de João Sousa

    artigo revisto por: Ana Ferreira

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    Henrique Carrilho
    Henrique Carrilhohttp://www.bolanarede.pt
    Estudante de Economia em Aarhus, Dinamarca e apaixonado pelo desporto de competição, é fervoroso adepto da Académica de Coimbra mas foi a jogar ténis que teve mais sucesso enquanto jogador.                                                                                                                                                 O Henrique escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.