“A Caminhada: Passo 1” A Capitã

    cab Volei

    Sara Correia, 23 anos, é a capitã da equipa sénior feminina de Voleibol do Carnide Clube, recentemente campeão regional. Estivemos à conversa com Sara Correia a propósito dessa conquista e dos objetivos desta época. 

    Bola na Rede: Há quanto tempo estás no CC?

    Sara Correia: Olá. Bem, quanto ao Carnide, estou envolvida no projeto desde que este ainda era apenas um “sonho”, há cerca de dois anos, 2014. Fomos bastante ambiciosos e acho que até posso mesmo dizer teimosos. Não é fácil, no momento em que nos encontramos, conseguir criar algo, sem grandes estruturas e apoios, mas encontramos o Carnide Clube, um clube já com bastante história, disposto a ter uma nova modalidade, um novo desafio. O primeiro passo estava dado, já tínhamos uma “casa”, uma identidade. “Mobilar a casa”, isso sim, já foi mais trabalhoso e exigiu um esforço de todos nós, treinadores, secção, colaboradores, para que tudo estivesse pronto para o início de uma nova época, em setembro. Encontrar um pavilhão, elaborar protocolos, recrutar atletas, comprar material, escolher equipamentos, escolher equipas técnicas, horários de treino, documentação… Todo um trabalho que exige bastante de cada um dos envolvidos.

    BnR: Como foi o início deste ano com a chegada de um novo treinador, novas jogadoras e uma nova realidade?

    SC: Foi um início diferente, bastante empolgante, pois a chegada de novas jogadoras com grande valor, a juntar às atletas que já tínhamos, foi bastante positivo para o grupo. Sabíamos, todas, que o trabalho poderia vir a ser bem mais aliciante a níveis competitivos. Na época anterior acabámos um grupo relativamente curto, com apenas nove atletas, e tínhamos consciência de que era preciso mais jogadoras. Quanto ao novo treinador, o Luís, é alguém que tenho o prazer de conhecer desde a minha infância, alguém de quem me recordo de ver já como treinador quando comecei a dar os meus primeiros toques na bola, isto há 11 anos. Com estes dois fatores, jogadoras novas e treinador novo, tudo se começava a compor para subirmos como equipa, mais um degrau nesta nossa aventura.

    BnR: Como foi passar de treinadora/atleta a só atleta?

    SC: Acho que esta é a pergunta fundamental. Não foi difícil essa passagem, mas ao mesmo tempo foi essencial. Na época anterior, eu tinha, inicialmente, apenas o papel de treinadora da equipa sénior feminina mas, por questões administrativas, faltava-me uma atleta para o primeiro jogo da época, precisamente a única jogadora que tinha para essa posição, que por acaso era a posição em que eu jogava. Acho que fiz apenas um treino com a equipa antes do primeiro jogo, pois achei sempre até à última que conseguiria inscrever a jogadora em questão, mas tal não aconteceu… Fui jogar. Já não treinava há mais de quatro anos, quanto mais estar preparada para jogar. Foi duro, bastante duro. Mas, depois, aquele “bichinho” parece que estava a começar a despertar passados tantos anos, e foi impossível parar. Então acumulei a função treinadora/atleta, por vezes, não escondo, bastante complicado de gerir. O gosto por ter voltado a jogar e partilhar o campo com aquelas jogadoras, como minhas colegas, falava bem mais alto. Por isso, poder agora ser uma delas a 100% é o melhor.

    BnR: Quais as maiores dificuldades nesse novo processo?

    SC: A maior dificuldade mesmo neste novo processo fui eu própria. Fisicamente não estava em condições, pelo tempo todo em que estive parada, e a época anterior tinha sido um acumular de lesões atrás de lesões pela minha falta de condição física, mas não dava para parar. Tinha de acelerar todo o processo para poder acompanhar a equipa e estar preparada. Tínhamos objetivos bastante concretos.

    BnR: Já em competição, qual o momento mais difícil e o melhor momento no campeonato regional?

    SC: Qualquer equipa passa sempre por bons e maus momentos, nós não somos excepção, mas são desses momentos que tiramos o que é um “bom” ou “mau” grupo. Mas, falando mais em concreto, o momento mais difícil por que passámos foi mesmo quando, na segunda jornada, sofremos a nossa primeira, e única, derrota. Tínhamos os olhos todos sobre nós, a pressão do início ao fim, e quando saímos desse jogo, meu Deus, parecia que estava tudo errado. Teríamos nós criado expectativas demasiado altas para nós mesmas? A semana que se seguiu, de treinos, continuava a refletir esse sentimento, ansiedade, irritação, desconforto. O que iria acontecer a seguir? Quanto ao melhor momento, foi sem dúvida alguma a vitória depois da derrota. Foi um jogo difícil, um jogo ganho pela margem mínima, 3-2, e o último set por 17-15. Aqui foi sem dúvida o ponto de viragem, foi aqui que escolhemos o nosso caminho: sermos um grupo.

    BnR: Quais eram as expectativas no início do Campeonato Regional?

    SC: As expectativas eram mais que muitas. Trabalhámos bastante, temos uns treinadores que nos orientam e preparam os jogos minuciosamente, e o objetivo era claramente apurarmo-nos para a segunda fase do campeonato em primeiro lugar e sermos campeãs regionais. Isso seria fruto do que iríamos dar de nós e ser enquanto equipa.

    BnR: Quais os objectivos para esta segunda fase e o que esperas das restantes equipas do grupo?

    SC: Não espero facilidades, nem podemos sequer pensar nisso. Temos presente que esta segunda fase irá ser bastante dura e terá de haver um esforço acrescido de cada uma de nós. É um tudo ou nada; em seis equipas, passa apenas uma para a Final do Campeonato Nacional. O objetivo é novamente apurar; começamos esta fase com todas as equipas de igual para igual e nós só dependemos de nós próprias para continuarmos a sonhar.

    BnR: Como é ser capitã das Seniores Femininas do CC?

    SC: É a melhor coisa do mundo. Há coisas difíceis de explicar e esta é uma delas. Não trocava a minha família por nada deste mundo, mas ser capitã desta equipa é ter uma nova família, uma família que podemos escolher. Tão diferentes, tão iguais.

    BnR: Um desejo?

    SC: Ser campeã nacional!

    Felicidades e obrigado, Sara

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    Luís Filipe Fernandes
    Luís Filipe Fernandes
    Natural de Lisboa, 29 anos, o Luís jogou voleibol dos 8 anos aos 20 e começou a dar treino aos 17, passando pelos vários escalões de formação e séniores. É treinador nível III da Federação Portuguesa Voleibol e Campeão Nacional (A2) com a equipa sénior feminina do Clube Voleibol Oeiras 2008/09, Vencedor da Taça Nacional 2014/15 pelo FCA (séniores Femininos) e Campeão Regional Séniores Femininos pelo Carnide Clube 2015/16. Atualmente, é treinador da equipa sénior feminina do Carnide Clube.                                                                                                                                                 O Luís não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.