Depois do jogo frente ao SC Braga, não pode haver dúvidas: Samaris é um jogador de enorme talento. A verdade é que o grego, proveniente do Olympiacos, teve um péssimo início de temporada, mostrando enormes lacunas táticas e uma dificuldade gritante para perceber o que pretende Jorge Jesus da posição “6” no esquema tático das águias. Quem segue o futebol português há alguns anos, em especial o Benfica, não tem dúvidas em apontar que o trinco é uma posição crucial para o equilíbrio da equipa. Jorge Jesus sempre demonstrou um dom peculiar para transformar qualquer médio num 6 de renome mundial. Foi assim com Javi Garcia, com Matic e, agora, ao que tudo indica, Samaris irá seguir as pisadas dos atuais jogadores do Chelsea e do Zenit.
Mas recuando novamente uns meses, o internacional grego, que custou dez milhões de euros aos cofres do Benfica, vinha rotulado de craque por quase toda a imprensa desportiva nacional. Com Fejsa lesionado por vários meses, a luta pela titularidade seria com Cristante, ex-jogador do AC Milan. Não demorou muito para todos percebermos qual seria a aposta de Jorge Jesus. Samaris jogava praticamente todos os jogos, mesmo se as exibições roçassem o desastroso. O médio grego mostrava alguns argumentos técnicos, é verdade, mas a capacidade de sair com bola era débil, a aptidão para lançar colegas em progressão era fraca e, mais importante, os níveis de contenção ao meio-campo eram baixíssimos.
O tempo (e os jogos) foi passando e Samaris denotava algum crescimento. Sete meses depois, Samaris é um jogador totalmente diferente daquele que iniciou a época. Frente ao SC Braga, Samaris foi absolutamanete imperial no meio-campo do Benfica. Engoliu por completo os três médios do Braga (Danilo, Rúben Micael e Tiba) e, mais impressionante, mostrou uma confiança extraordinária na hora de sair a jogar. Por vezes ainda parece um jogador pesado, incapaz de acertar o timing de corte, mas é pura ilusão: foram incontáveis as dobras que fez, tanto aos laterais como aos centrais. À exceção de um ou outro lance, se o SC Braga foi incapaz de lançar os venenosos contra-ataques (que tão bem caracterizam a equipa de Sérgio Conceição) muito se deve à exibição monstruosa do ex-Olympiacos. É isso mesmo, Samaris foi um monstro no meio-campo do Benfica.
Para além disso, o grego tem realmente um gosto especial pelos grandes jogos, uma vez que as suas melhores exibições foram frente ao FC Porto, Sporting e SC Braga. Habituado aos ambientes frenéticos dos estádios gregos, Samaris já provou ser um atleta capaz de responder positivamente mesmo sobre pressão.
O Benfica parece ter encontrado mais um pérola, mas, obviamente, o mérito da ascensão de Samaris pertence todo a Jorge Jesus e à equipa técnica encarnada que, a não ser que o futebol dê uma grande reviravolta, tornaram o grego num jogador imprescindível ao futebol do Benfica.