Podia começar este texto por mencionar por onde é que ele já andou, o que fazia antes de ser treinador de futebol, dizer o que ganhou. Enfim, todos esses pontos de contacto que dão outra cor e tom a uma crónica sobre a renovação de Rui Vitória, mas como a minha “relação” com o mister é diferente, tudo isso ficou de parte.
Correndo o risco de ir contra a corrente de pensamento de alguns benfiquistas, ou não, acho Rui Vitória um treinador medíocre. Sim, medíocre. Por isto, entenda-se, acho que tem as suas mais-valias, mas ainda assim, tem demasiados aspectos que não fazem dele o homem certo para o cargo.
Excepção feita a Jorge Jesus, que saiu do Benfica para o Sporting depois de ter sido campeão, não há grande memória de um treinador conquistar o campeonato e ter as malas à porta. Sim, não me esqueci do episódio de Ranieri, mas isso agora pouco importa.
O que tem de ser analisado é o estado da equipa nestas duas épocas em que Rui Vitória foi o treinador. Se por um lado o campeonato do ano passado foi ganho e o de este ano parece ir na mesma direcção, por outro a equipa não joga pão! Claro que já houve jogos/alturas em que jogou bem. No início da época, por exemplo, mas desde Fevereiro para cá é sempre com o coração nas mãos!
Isto já parece ser imagem de marca do Benfica de Vitória, dado o cenário do ano anterior, mas precisamente por causa disso é que esta história de renovar até 2020 devia ser mais bem ajuizada.
Sim, Vitória aposta mais nos miúdos. Olhem para Nélson, Grimaldo, Ederson, Horta, Lindelof, a uma certa altura, Pizzi. Tudo isso é bom e eles jogam bem e contribuem, mas não há consistência. Como é que alguém pode-se dar ao luxo de ganhar um campeonato e quase conquistar um segundo, sem que a equipa seja consistente? Há mecanismos, há rotatividade, parece, finalmente, haver um onze base, mas não há mais.
Falta chama ao Benfica! Os jogos com o Dortmund são complicados de ajuizar, porque era o Dortmund, mas o jogo com o Moreirense, o empate em casa contra um Porto fraquinho, o zero a zero em Paços de Ferreira…Epá, não sabem mais! É isso ou Rui Vitória não sabe mais.
Defender um 0-1 suado onde o Benfica pouco jogou com um Moreirense que só não empate porque, porque, alegando que o jogo “valeu pelo resultado”, é o discurso de um treinador que não passa de um one trick poney. Há dois, três anos, existiam benfiquistas que falavam nas insistências de Jesus.
De como o agora timoneiro do Sporting apostava, até ao fim, em certos jogadores sem estes nunca darem grande resultado. Se mal pergunte, onde estão essas pessoas para agora reclamar com o facto de Vieira continuar a apostar em alguém que mete as fichas no “treme-treme” e vamos lá ver se isto dá?
A Rui Vitória, estou-lhe grato pelo 35, pela Taça da Liga e estar-lhe-ei igualmente grato pelo 36 e pela Taça de Portugal, caso ganhe ambas as provas, mas defenderei que, mais tarde ou mais cedo, toda esta sorte há-de ir para outros lados e depois a coisa complica.
Foto de capa: SL Benfica