Eu detesto fazer isto. A sério, o ser humano não está nem nunca estará fisicamente capaz de compreender ou aceitar uma despedida. Sobretudo, quando falamos de alguém que nos é querido, próximo, pelo qual nutrimos amor e respeito. As lágrimas na hora da despedida são sempre as piores, mesmo, noutros graus de tristeza. Paulo, este é teu.
Quando chegaste ao Benfica a vida era mundana. Tínhamos no Jorginho no comando e mandar calinadas nas conferências, o Cardozo lá na frente à espera que qualquer coisa pingasse no pé esquerdo, o Gaitán ainda sabia jogar. Bons tempos.
Acima de tudo tínhamos-te a ti. Tu eras a alma do grupo, o que ia para o banco e não reclamava porque sabia que não fazia melhor, o que estava lá, nos treinos e nos jogos, a ajudar os outros a ser melhor.
O teu papel é desvalorizado no Benfica. Na realidade, nunca ninguém te compreendeu. Olhámos sempre para ti como aquele carequinha de quem um dia veríamos muito. E vimos! Tu, Paulo, tu deste numa de guarda-redes do Egipto, CAN de 2007, e trepaste a uma baliza quando fomos campeões, mas mais do que isso tudo, tu deixaste cair a taça.
Esse foi o teu momento. Sabias que não ias passar de um guarda-redes de banco e que à mínima oportunidade terias de marcar a tua posição, e assim o fizeste. Paulo, tu e só tu ganhaste 4 campeonatos com 45min de jogo em 4 anos. Tu, Paulo!