Os dias que vêm antecedendo o clássico de sábado têm sido, há falta de melhor palavra, um escabeche. Bem sei que nos últimos tempos tudo o que envolva jogos entre Benfica e FC Porto tem sempre uma pitada de conflito externo, ou se preferirem, de mind games, mas desta vez já chega a roçar o ridículo.
O foco devia estar naquilo que se vai passar dentro das quatro linhas, sábado, dia 1 de Abril, pelas 20h30 no Estádio da Luz, e não o que o tipo que tirou o MBA em Gestão Desportiva que coordena a claque do Porto disse/mandou fazer e as queixinhas que o Benfica e a FPF andam a fazer na praça pública. Por isso, falemos de bola, sff!
Este campeonato, até agora só conheceu dois rumos. Um em que o Benfica, com mais ou menos escorregadela, não abdica da liderança, e outro onde o Porto, com mais ou menos coxeio de exibições, tem feito uma fiel perseguição ao primeiro lugar. A menos que no final do jogo se registe um empate, as coisas vão mudar.
Para já é preciso dizer uma coisa, ganhe o Benfica ou ganhe o Porto, nada, mas nada, fica decidido no que ao campeonato diz respeito. Nesta altura os dois encontram-se a um ponto de distância, por isso, não será uma diferença de três pontos com mais sete jogos pela frente, pós-clássico, que alguma coisa fica decidida.
Sem dúvida alguma que ajuda a pintar um certo cenário. Ora vejamos algumas hipóteses. Em caso de vitória do FC Porto, os dragões continuam a ter uma tarefa complicada para chegarem ao título. Pela frente, têm de ir a Braga, Chaves e à Madeira para defrontar o Marítimo. O Chaves pode estar a perder algum gás, mas ainda assim, não deixa de ser uma deslocação difícil. Já Braga e Marítimo são terrenos onde habitualmente os dragões sentem dificuldades em sair de lá com os três pontos.
Contudo, o Benfica também não tem melhor sorte. Logo depois do jogo com o Porto há uma ida a Moreira de Cónegos, dois jogos antes do Benfica ter encontro marcado em Alvalade com o Sporting, naquele que pode muito bem ser o jogo título. Antes dos leões há uma recepção ao Marítimo e depois uma viagem até Vila do Conde para jogar com o Rio Ave e nas últimas duas jornadas há que receber o Vitória de Guimarães e terminar o campeonato, no Bessa, frente ao Boavista.
Estes são os cenários depois do jogo. Por isso há que também olhar para as vertentes antes do jogo. O Porto tem a melhor dupla de atacantes do campeonato. André Silva com 15 golos e o recém-chegado Tiquinho Soares com 16 fazem com que a baliza à guarda de Ederson esteja em constante perigo, mas não só eles que podem constar como ameaças.
Para além dos da frente, o Benfica tem de ter olho em Brahimi, Corona e Óliver, os três responsáveis por fazer a dupla dianteira funcionar tão bem no que à pontaria diz respeito. Mais a mais é preciso lembrar que o FC Porto tem a melhor defesa do campeonato. O quarteto formado por Maxi, Marcano, Filipe e Alex Telles tem feito um bom trabalho para afastar o perigo da baliza de Iker Casillas.
Já no Benfica vivem-se tempos estranhos, mas com a devida chama inerente ao clube e boas armas, talvez a coisa se resolva bem no sábado. Jonas, segundo os jornais desportivos, será uma flecha apontada ao espanhol que guarda as redes dos dragões. A juntar-se a ele deve estar o suspeito do costume, Kostas Mitroglou, homem que esta temporada já apontou 25 golos em 37 jogos. Pizzi, Salvio e Zivkovic são outros dos mais prováveis intervenientes a estarem em campo no onze inicial de Rui Vitória e devem contar com a companhia de Nélson Semedo, Luisão, Lindelof e Eliseu.
Benfica e FC Porto medem forças na luta pelo primeiro lugar. Frente a frente vai estar o líder do campeonato contra o melhor ataque e a melhor defesa da prova. Quem sair vencedor não sai nada a mais do que isso, mas fica em boa posição para, em Maio, lançar os foguetes e apanhar as canas.