Dois amores que em nada são iguais

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    A vida de treinador não é fácil. A gestão dos egos, a falta de opções, as lesões, os castigos, as expectativas dos jogadores. Neste caso falamos de um problema muito específico para um treinador. Rui Vitória debate-se pelo 2.º ano com duas opções válidas para o ataque. É quase um dilema existencial, na medida em que a escolha de um em detrimento do outro, pode afectar a identidade ofensiva da equipa. Mobilidade ou poder físico. Golo ou (mais) trabalho colectivo. Eis dois amores que não são nada iguais.

    Na temporada passada, Rui vitória, apesar da pressão mediática do forte investimento em Jimenez, apostou em Mitroglou para ser a referência ofensiva dos encarnados. O grego, que estava a passar por uma má fasena carreira, depois da explosão no Olympiakos, superou as expectativas. A parceria com Jonas funcionou quase sempre e o avançado acompanhou na perfeição o crescimento colectivo. Mitroglou, na melhor fase da equipa, foi sempre o primeiro homem no pressinge conseguiu ter um rácio oportunidades/golos positivo, para uma primeira temporada num clube. Além disso, fez o golo decisivo no “jogo do título”. O seu sentido de oportunidade ficou bem patente nesse golo.

    Dividindo a questão em dois pólos, falámos agora em Raúl Jiménez. O mexicano, logo na sua estreia, fez um golo. Os benfiquistas pensaram que o levado investimento afinal poderia valer a pena. A partir daqui, a relação entre os adeptos para com o avançado não foi outra coisa senão de amor/ódio. As intervenções do ex-jogador do Atlético de Madrid até Março pautaram-se pela irregularidade.

    Jiménez foi decisivo para a conquista do título Fonte: SL Benfica
    Jiménez foi decisivo para a conquista do título
    Fonte: SL Benfica

    O avançado teve poucas oportunidades, e, quando as tinha, nem sempre as aproveitava da melhor forma. Ainda assim, foi decisivo na passagem do Benfica aos quartos da Champions – todos nos lembramos mais do remate do que da recarga de Gaitán. Foi este lance que catapultou o mexicano para uma grande ponta final, sendo decisivo em dois jogos para a conquista do título – golos e Vila do Conde e Coimbra fizeram a diferença -, além do golo importante na meia-final da Taça da Liga.

    Já percebeu com certeza, caro leitor, que se trata de um problema mais ou menos saudável. Ou não. É que fazer a gestão de expectativas de dois avançados é complicado. O avançado vive do golo e, se não jogar, não poderá marcar. Mitroglou não tem apresentado o melhor rendimento e, Rui Vitória, que tem sido pouco dado a rotações até, não hesitou em colocar Jiménez. “Tem outras características”, diz o técnico do Benfica. São dois avançados que mudam a cara da equipa a atacar e….a defender. Dois amores, que em nada são iguais, para Rui Vitória moldar. A vida de treinador não é fácil…

    Foto de capa: SL Benfica

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    Jorge Fernandes
    Jorge Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    O futebol acompanhou-o desde sempre. Do amor ao Benfica, às conquistas europeias do Porto, passando pelas desilusões dos galácticos do real Madrid. A década continuou e o bichinho do jornalismo surgiu. Daí até chegarmos ao jornalismo desportivo foi um instante Benfiquista de alma e coração, pretende fazer o que mais gosta: escrever e falar sobre futebol. Com a certeza de que futebol é um desporto e ao mesmo tempo a metáfora perfeita da vida.                                                                                                                                                 O Jorge não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.