O Benfica não conseguiu o triunfo no Cazaquistão, trouxe apenas um ponto para Lisboa e fica à espera que o Atlético de Madrid dê uma ajudinha, mas isso para mim é tudo “peaners”. O que mais importou neste jogo, na minha opinião, foi analisar a exibição de Renato Sanches, em estreia, e só tenho a dizer que o “puto” é o parceiro ideal para Samaris.
A equipa anda desde o início de época à procura do elemento ideal para jogar ao lado do grego. Começou Fejsa, já por lá andaram Talisca e André Almeida, e, finalmente, chegou a vez do «menino» do Seixal. Num jogo em que o Benfica esteve longe de ser bom, Renato Sanches foi o melhor. Aliás, era aquele o jogador que se estreava na Europa e que era pela primeira vez titular nas «águias»? Não me pareceu.
Uma maturidade fora do normal, a assumir a bola, a não ter medo de caminhar com ela e criar desequilíbrios, e, depois, um «pulmão» tremendo a defender e a equilibrar o conjunto de Rui Vitória. Falhou alguns passes, é certo – às vezes o coração foi mais forte do que a razão -, mas há ali talento e muita qualidade. Deixo ainda para registo aquele passe perfeito a isolar Gonçalo Guedes, que na cara do golo desperdiçou.
Não tenho dúvidas de que é já a melhor opção para o Benfica e em Braga espero vê-lo no onze, sobretudo devido à ausência de Samaris.
Quanto ao resto do jogo é de salientar mais uma boa entrada dos “encarnados”, a pressionar, a dominar o adversário, mas à primeira adversidade quebraram, outra vez. O golo do Astana veio contra a corrente da partida e quase fez KO ao Benfica. Os cazaques jogavam direto nas linhas e o adiantamento dos laterais encarnados estava a descompensar a defesa. No primeiro golo, Eliseu chega atrasado e deixa o seu oponente cabecear, enquanto Sílvio está demasiado aberto na perda de bola de Jiménez.
O 2-0 acontece num mau comportamento defensivo e numa falha de marcação numa bola parada, onde o Benfica esta época não tem sido forte. A partir daí, e quando parecia que tudo ia desabar, a equipa organizou-se. Sílvio e Eliseu não subiram tanto e impediram o Astana de ganhar na profundidade, e Samaris e Sanches agarraram o controlo do miolo. Pizzi foi importante e mostrou que tardou em ser opção. Com o regresso de Gaitán, em Braga, espero que passe para o meio, atuando ao lado do “menino”.
Guedes foi sempre desconcertante para os adversários e Jonas “acordou” para o jogo. O Benfica empatou numa altura decisiva, a chegar ao intervalo, pelo «quase» sempre perdido Raúl Jimenez. O golo deu confiança e na segunda parte o controlo da partida foi sempre das «águias».
O mexicano voltaria a marcar, algo inédito, e colocou justiça no marcador. O Benfica partia então para a procura do golo que podia dar o apuramento, mas… Rui Vitória mexeu mal.
Talisca entrou e o Benfica tremeu porque perdeu força e intensidade no meio-campo. O brasileiro é curto para aquela posição e até para o Benfica. Precisa de acrescentar muito mais para poder ser opção.
Mesmo assim, Sanches aguentou as hostes e o Astana já nem constituía perigo, mas o Benfica preocupou-se mais com não perder do que com ganhar. Cristante ainda entrou para controlar.
Será que o italiano aos poucos pode aparecer na equipa? Desejava que sim.
Hoje, o Benfica merecia ganhar, é certo, mas foi penalizado pelo desacerto defensivo inicial e pelo pouco risco de Rui Vitória, o que até é perceptível, nesta fase que a equipa atravessa.
A Champions está encaminhada e eu volto a pedir: façam no campeonato o que fazem na Europa e o Benfica vai crescer!
A Figura:
Renato Sanches – Estreia a titular, estreia na Europa e uma exibição excelente para um menino de 19 anos. Que o futuro estava assegurado com ele já esperava, mas de que no presente seria a melhor opção não estava certo. Bela surpresa!
O Fora-de-Jogo:
Talisca – Entrou e complicou. O Benfica estava bem, mas perdeu o domínio total da partida e demonstrou que não é opção para jogar ali. Nem passes nem remates. Descompensou a equipa e espero que em Braga não entre no relvado.
Imagens: SL Benfica