Ir ao Porto sem medo

    raçaquerer

    No próximo domingo, o Benfica joga fora, no terreno do FC Porto. É mais um jogo do campeonato, não vale mais nem menos do que os outros (são três pontos em disputa). Serão onze para onze como sempre (ou, pelo menos, assim espero…). Sabendo que vamos defrontar uma equipa forte e que atua perante o seu público, teremos de ser consistentes, jogar o nosso futebol, sermos iguais a nós mesmos. Se isso acontecer, então as hipóteses de trazermos uma vitória para Lisboa são maiores.

    Embora a campanha europeia dos encarnados tenha ficado aquém das expetativas, o Benfica tem vindo a melhorar as suas exibições na Liga. As vitórias em Coimbra, e na Luz, diante do Belenenses, foram pautadas por momentos de pura magia futebolística (veja-se a jogada protagonizada por Gaitán, que deu origem ao golo de Salvio), de futebol intenso, de elevada “nota artística”. É assim que desejo que o Benfica jogue, se possível, até ao fim da época. As prestações medianas (como aquela a que assistimos na Choupana) terão de acabar, até porque já não estaremos mais envolvidos, depois do jogo desta terça-feira, em competições europeias. Digo isto com frustração: ser afastado da Europa foi uma desilusão. Contudo, e apesar de preferir que o Benfica disputasse todas as competições até ao fim (como fez na época passada), não posso deixar de reconhecer que o facto de não haver jogo a meio da semana liberta a equipa do inevitável desgaste físico.

    Enzo Pérez está a subir de forma Fonte: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica
    Enzo Pérez está a subir de forma
    Fonte: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica

    Enzo está claramente a subir o seu rendimento e a regressar ao patamar da temporada anterior, onde espalhava classe pelos relvados e empurrava a equipa para o ataque; Samaris evoluiu taticamente e ocupa, agora, melhor o espaço à frente dos centrais; apareceu Jonas com o seu instinto goleador; a baliza tem outra segurança, entregue a Júlio César; e Jardel tem vindo a consolidar as suas exibições, cometendo cada vez menos erros. A nível coletivo, é visível que a equipa está mais coesa, que começa a assimilar os processos de jogo pretendidos por Jorge Jesus, embora, em alguns períodos, faça tudo de forma algo lenta.

    A minha expetativa, e voltando ao FC Porto-Benfica que se aproxima, é que a equipa seja capaz de fazer no Estádio do Dragão uma exibição segura, que garanta a ligação entre setores e que potencie o talento dos jogadores mais criativos, para que se criem desequilíbrios e ocasiões de golo. Nos últimos anos, e mais concretamente na “era Jesus”, o Benfica tem-se apresentado no Porto apenas com um avançado, o que tira poder ofensivo à equipa. Acabamos por não defender com qualidade, já que baixamos demasiado as linhas, e o ataque torna-se inofensivo. Não percebo por que razão Jorge Jesus insiste nesta estratégia de alterar o esquema tático. Pura e simplesmente não resulta. Basta olhar para os números: em cinco jogos, quatro derrotas e um empate; 14 golos sofridos e 5 marcados. Começa a parecer que a equipa tem medo de jogar no Dragão. Entra nervosa e, geralmente, sai derrotada. Será que tem medo do ambiente? Não creio. Estes jogadores já defenderam o símbolo do Benfica em estádios com atmosferas adversas, na Grécia ou na Turquia, por exemplo. Medo do adversário? Não me parece. Os plantéis dos dois clubes são sempre muito semelhantes em termos de qualidade e, para além disso, este clássico tem um grande efeito motivacional sobre os atletas. Medo do histórico? Também não me parece. É certo que o Benfica não vence naquele estádio desde 2005 mas os jogadores têm consciência de que os únicos que o podem começar a alterar são eles. A história faz-se a cada jogo.

    Por isso, só peço: ao nosso treinador, que não invente e aposte no esquema habitual, pois afinal é a atacar que a equipa se sente mais confortável; aos jogadores, que, por favor, não joguem com medo do que os rodeia (lembrem-se de que envergam as camisolas do Benfica, clube que tem a obrigação de vencer em qualquer estádio do planeta); e, por fim, aos adeptos, que, aconteça o que acontecer durante os 90 minutos, continuem a apoiar a equipa, tal como fizeram até aqui.

    Foto de Capa: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica

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    Tiago Caeiro
    Tiago Caeirohttp://www.bolanarede.pt
    É frequente dar por ele a contar as horas até começar o próximo jogo do glorioso Benfica, que não perde por nada. Lá fora, apoia Arsenal, Milan e Bayern só porque os seus jogadores vestem a magnífica cor vermelha.                                                                                                                                                 O Tiago não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.