Meu querido mês de Janeiro

    Terceiro Anel

    O que é que têm em comum o entusiasmante Benfica 3-1 Vitória de Guimarães de 2009/2010 e o importante Braga 1-2 Benfica de 2012/2013? O que é que têm em comum o Benfica 5-0 Olhanense para a Taça de Portugal 2010/2011 e o Benfica 2-0 FC Porto a contar para a liga 2013/2014? E aquele Benfica 4-1 Vitória de Setúbal de 2011/2012? E aquelas vitórias folgadas no terreno do Marítimo em 2010 e agora em 2015? Pois, o ponto que une todas estas partidas (e tantas outras poder-se-iam juntar a este leque) prende-se com o facto de todas elas terem sido disputadas em Janeiro, primeiro mês do ano civil. Ora, parafraseando (não na totalidade) a carismática canção de Dino Meira, bem que posso afirmar “Meu querido mês de Janeiro”, pelo menos que no que diz respeito à era de Jorge Jesus enquanto treinador do Sport Lisboa e Benfica.

    Os registos são assombrosos: em 37 partidas oficiais realizadas no mês de Janeiro, o Benfica venceu…35. E mesmo os dois resultados “negativos” não foram propriamente uma tragédia, visto que estamos a falar de um empate a um golo em Guimarães, a contar para a fase de grupos da Taça da Liga 2009/2010 (o maior de Portugal viria a vencer essa edição) e de um 2-2 numa partida electrizante entre Benfica e FC Porto no Estádio da Luz, 14ª jornada do campeonato (sim, Artur Moraes, eu não me esqueço do porquê deste empate…). Pois bem, será que há alguma explicação plausível para que Janeiro seja sinónimo de mês de sonho para a nação encarnada? Só Jorge Jesus saberá responder na totalidade à questão, mas a partir do momento em que na presente época, depois de o Benfica realizar exibições tão descoloridas até ao final de 2014, a equipa entra no novo ano como se nada fosse, parece que algo de paranormal se está a passar no Seixal.

    É do conhecimento público que Jorge Jesus é um técnico super exigente com os seus atletas, em todos os momentos do treino e do jogo. Apesar de já orientar a equipa do Benfica há cerca de cinco anos e meio, e de visivelmente haver rotinas de jogo completamente estabelecidas (e ainda bem que assim o é), é natural que quem chegue de novo demore, e de que forma, a cumprir aquilo que o treinador amadorense pretende. E é por isso mesmo que o campeão nacional tem momentos que levam ao desespero qualquer um dos seus adeptos (e eu que o diga), mormente nos primeiros meses das temporadas. As lesões parecem surgir em catadupa, as vitórias arrancadas a ferros são muitas, tudo parece acontecer de uma forma forçada em desafios em que o Benfica está permanentemente à mercê dos adversários.

    Jorge Jesus + Janeiro = sucesso garantido; Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
    Jorge Jesus + Janeiro = sucesso garantido;
    Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

    Se analisarmos mais especificamente a presente época, então torna-se gritante a diferença de andamento entre o ano civil passado e aquele em que estamos agora, como que de Dezembro para Janeiro se desse a transformação de todo um clube, de todo um fio de jogo, de toda uma estrutura, de todo um conjunto de ideias. Recuando no tempo, mas não muito, vemos como foi paupérrima a exibição diante do Gil Vicente, na última jornada do campeonato disputada em 2014, sendo secundada por uma não menos confrangedora prestação no desafio frente ao Nacional da Madeira. Nessa altura (que foi há tão pouco tempo!) tudo parecia negro: mau futebol, Enzo Pérez de saída, plantel fraquinho, e muito mais. Porém, qual golpe mágico, o reveillon voltou a ser presságio de espectáculo, de fiabilidade, de uma máquina futebolística destrutiva. Bastou entrar-se em Janeiro para surgir um Benfica transfigurado, a defender a sua liderança na tabela com futebol de altíssimo nível, e num ápice se descobriu (como eu sempre defendi) que este plantel não é assim tão mau (aliás, para o campeonato português continua a ser bem bom), que há muito por onde explorar, que a nação benfiquista pode estar confiante.

    Estou longe de ser um especialista na questão da preparação física dos atletas, não sei se as cargas físicas que Jorge Jesus e a sua equipa técnica impõem ao plantel na pré-temporada visam mesmo isto (provavelmente visam), uma enorme performance nesta fase da época, mas a verdade é que esta conjugação de uma actual boa condição física dos jogadores, mais processos de jogo completamente interiorizados pelos jogadores, mais classe, talento e competência de muitos dos elementos do plantel tem contribuído para que tenham voltado os tempos em que é um simples deleite ver este Benfica a jogar à bola.

    Janeiro, esse mês de entrada no novo ano, esse mês em que cumpro o meu aniversário, esse mês que para muitos estudantes universitários é de férias…não tem nessas características aquilo que mais me diz e que mais me importa: Janeiro é uma fase do ano encantadora por isto mesmo, porque o Benfica nesta altura costuma ser implacável, sedutor, mandão, poderoso, inigualável. Tenho pena que o mês já esteja a acabar, mas ainda há um jogo nele para ganhar: na Mata Real, defronte do Paços de Ferreira. Em caso de vitória o Benfica atingirá as 36 vitórias em 38 jogos disputados em Janeiro, que coisa transcendente. E é o que vai acontecer, eu sei que é aquilo que milhões de adeptos sentem.

    Rumo ao bicampeonato, Sport Lisboa e Benfica!!!!!!!!

    P.S. : Bernardo Silva, eu sei que serás sempre um dos nossos. Eu sei que estarás sempre a sofrer por nós. Eu sei que um dos teus sonhos é envergar o manto sagrado durante várias épocas. Isso vai acontecer, nem que seja o meu lado apaixonado e ingénuo a falar, quero crer que venha a acontecer. Mas receio, receio mesmo, que o Benfica tenha cedido de vez a uma febre mercantil desmesurada…

    Foto de capa: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

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    João Rodrigues
    João Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O João sabe todos os resultados do Benfica em jogos a contar para o campeonato português desde a temporada 1993/1994. Isto quer dizer alguma coisa, não quer?                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.