Nunca concordei – tal como não concordo – com todas as decisões tomadas pelas direcções presididas por Luís Filipe Vieira. Aliás, discordei – tal como discordo – de muitas dessas opções que, directa ou indirectamente, influenciaram o desenvolvimento desportivo da instituição, nas suas mais variadas vertentes. No entanto, a memória não me permite ser ingrato, nem ignorar aquilo que tem de ser considerado, sem quaisquer dúvidas, ao longo de década e meia, como um progresso significativo: o Benfica está, actualmente, (muito) mais perto daquilo que conheci em criança e que espero, um dia – o mais rapidamente possível – ver existir de novo.
Refiro-me, obviamente, em primeiro lugar, ao futebol do clube – um tricampeonato jamais poderá ser desvalorizado (nem que seja, somente, pelo hiato de 39 anos desde o anterior). Importa, todavia, olharmos numa perspectiva mais alargada. Neste momento, o Benfica é candidato ao título de campeão, lutando por ele na prática e até ao fim, em todas as modalidades de relevo praticadas em Portugal. Resumindo: o Benfica é finalista – campeão ou vice-campeão – no futsal, hóquei em patins, basquetebol, voleibol, atletismo e, também agora, após uma alteração de paradigma muito próxima com a do futebol, no andebol. É verdade que nem sempre é possível ganhar; porém, a saúde desportiva do Benfica, a uma escala verdadeiramente eclética, é exclusiva, notável, invejável e inigualável por qualquer outro clube no nosso país (e muito rara a nível europeu).
Existem segredos para o sucesso. Em todas as modalidades acima enumeradas – onde incluímos o futebol –, o Benfica atravessou períodos difíceis, afastado do lote de favoritos e, em alguns casos, do de reais candidatos ao título. Com trabalho, humildade e paciência, beneficiando do peso da marca que carrega, do apoio incondicional e característico dos seus sócios e adeptos, cada secção e cada equipa foram crescendo gradualmente até atingir o topo no seu contexto competitivo – através de projectos autónomos, bem sustentados e apoiados pela direcção, eficientes e eficazes e, acima de tudo, com um forte pendor para a formação de crianças e jovens atletas. O actual panorama não é totalmente perfeito – seria caso vencêssemos, sem apelo nem agravo, em todas estas modalidades; no entanto, não caminhamos sozinhos e, para já, ainda com muito trabalho pela frente, podemos fazer um balanço positivo e extremamente satisfatório.