Antes de começar gostava, se fosse possível, que lessem este texto ao som do “Celebration Time”, dos Kool and The Gang, para efeitos recreativos e galhofa.
Ao que parece, segundo as notícias, o Benfica celebrou a conquista do tetra campeonato no sábado com um certame ali para os lados da Avenida da Liberdade. Aquilo foi giro, houve petardos, a PSP monto um dispositivo de segurança todo janota como mandam as regras, o pessoal apanhou uma bebedeira de caixão à cova e acordou no dia a seguir a babar-se para uma sarjeta, foi tudo muito giro. Em parte o problema foi esse, foi, talvez, demasiado giro.
Vamos lá ver se nos entendemos. Uma equipa festejar a conquista de um feito histórico, como foi o caso, não deve ser, em alguma ocasião, motivo para uma festa daquelas. Eu quero lá saber se o Richie Campell deu um concerto ou se os Amor Electro foram lá vincar o estatuto de GNR do nosso tempo, banda que sim senhor parece ser muito interessante, mas daqui a uns nos já só nos lembramos deles por causa daquela música.
Benfiquista que é benfiquista quer é entoar cânticos à Benfica, cantar o hino, as músicas de apoio que usamos no estádio e congratular jogadores e equipa técnica por nos presentearem com mais um título para o palmarés.
Despacito? Dj Kamala? O que é isso? Isso são coisas de danceteria e não de hooliganismo saudável e cerveja por todo o lado como mandam as regras. Aceito o Bailando porque o ano passado o Sporting estava a pedi-las e agora vai levar com isto até que já ninguém se lembre, que vai ser nunca, porque vamo-nos lembrar sempre.
Até achei bem a cena do Salvador (Eu sei que já estamos todos fartos dele, ou melhor, das massas que gastaram a música dele, mas vai ter de ser), porque o rapaz e a irmã fizeram um bom trabalho e trouxeram mais prestígio ao país e merecem que o “Amar Pelos Dois” toque no Marquês porque estávamos todos a festejar. Agora, mais do que isso já me parece um bocado exagerado.
Ninguém, mas mesmo ninguém, estava lá para ir ao Urban. Estávamos todos lá para festejar o 36, o tetra, ver os jogadores subirem ao palco, o Eliseu a mostrar dotes de Moto GP, o Cervi apanhar a carraspana da vida dele, o Carrillo finalmente a saber qual é a sensação de ser campeão. Tudo isto! Nada de hits semanais do Spotify.
Para o ano, na conquista do Penta, se Jonas quiser, façam as coisas de forma diferente. Mantenham a estrutura deste ano onde não houve incidentes nem ninguém a levar com uma garrafa de Cergal na cabeça, mas deixem o Kamala em casa e metem o Ser Benfiquista.
Foto de Capa: SL Benfica