Pelo título parece que estamos perante um caso jurídico de uma complexidade tal que daqui a uns anos um realizador de Hollywood vai pegar nisto e fazer um filme de suspense de nos deixar pregados à cadeira. Contudo, e apesar de ser um tema delicado, não é motivo para tanto filme.
O Capitão, como hoje em dia é conhecido pela massa associativa benfiquista, chegou à Luz no verão de 2003 a troco de um milhão de euros pagos ao Cruzeiro de Belo Horizonte. Ora nesta altura Luisão tinha 22 anos, já se tinha sagrado campeão no Brasil, e era uma opção para a selecção brasileira. No primeiro ano de águia ao peito teve algumas dificuldades em adaptar-se, mas no segundo ano começou a demonstrar o seu verdadeiro valor e a impor-se como o chefe da defesa encarnada, e recordar ainda que nesse ano marca golo do título frente ao Sporting, mas as melhorias de Luisão não ficaram por ali. A qualidade e importância do central brasileiro na manobra de jogo do Benfica era tanta, que, em 2006, foi lhe conferida a braçadeira de capitão.
Daqui para a frente Luisão tornou-se naquilo que é hoje, um ícone. Um jogador que daqui a uns anos falaremos dele no mesmo tom que falamos de Coluna, Simões, Preud-Homme, entre outros. Só não tem o mesmo estatuto que Eusébio, porque não ganhou numa Liga dos Campeões pelo Benfica, senão, não haja dúvidas de que Luisão seria um jogador tão aclamado como o Pantera Negra.
Agora, coloquemos os campeonatos ganhos, os jogos ao serviço do Benfica, o carisma que ele tem porque, caso contrário, se não o tivesse jamais seria capitão, vamos pôr isso tudo de parte e vamos ao fundamental da discussão: Nestes últimos dois anos, Luisão rendeu tanto como nos anos anteriores? Não. Qual é o habitué do Benfica, e de outras equipas, em relação a jogadores que não rendem o que deviam? Vendê-los. Claro que me podem dizer que é a idade que não permite ao Luisão ter o mesmo tipo de rendimento que tinha há uns 3 ou 4 ou mais anos atrás, mas então aí a culpa é da SAD do Benfica, que quando teve a oportunidade de o deixar sair por 8 milhões para a Fiorentina, não o fez. Preferiu manter um jogador com estatuto, do que vendê-lo e ir à procura de outro, mais novo, que rendesse mais.
Contudo, o caso aqui nem é esse. O Benfica manteve Luisão, e pelo caminho, e à medida que ele foi perdendo algumas qualidades, foi ganhando jogadores capazes de suportar a saída do Capitão. Verdade que nenhum deles é tão bom como Garay o era, e digo isto porque esta semana voltou-se a falar de um eventual regresso do central argentino aos quadros da Luz, mas ainda assim o Benfica não está mal servido.
Lisandro Lopéz já deu a ideia de que é um miúdo com valor, Lindelof há-de ser nesta altura o central com mais créditos que o Benfica tem, ou não tivessem andado os tubarões do futebol europeu atrás dele o verão todo, e depois temos Jardel que é claramente o substituto de Luisão tanto na braçadeira como no papel de patrão da defesa, e que apesar dos seus 30 anos, ainda deve durar mais uns dois ou três anos de águia ao peito, tornando possível uma nova transição na defesa e no estatuto de capitão.
Dá a ideia de que toda esta situação está a ser tratada com um tom de ingratidão, mas se formos a ver é um processo perfeitamente natural na vida de um jogador de futebol. Eu também acho que dadas as circunstâncias o Luisão deve ser tratado com o devido respeito, agora, como adepto benfiquista, quero é ver esta situação resolvida o mais depressa possível e da melhor forma e isso, aparentemente, passa por uma renovação, definitiva, da defesa.