Três: o número de jogadores que hoje jogaram em Penafiel e faziam parte do (soberbo) onze base que conduziu o Benfica ao triplete. Entre saídas definitivas, muitas lesões e castigos, apenas Maxi, Gaitán e Lima constituíam primeiras opções há seis meses atrás. É à luz destes factos concretos que devemos analisar este jogo em concreto e a temporada no geral.
Ainda a sacudir a poeira da venda de Enzo Pérez, foi Talisca o escolhido para fazer companhia a Cristante no miolo do terreno. De resto, apenas a chamada de Lisandro para fazer dupla com o Jardel constituiu surpresa no onze inicial. Sendo certo que a qualidade de jogo e jogadores do Penafiel deixam muitíssimo a desejar, também é verdade que as deslocações do Benfica ao norte, por norma, não costumam ser fáceis. E foi essa a tendência que se confirmou nos primeiros 45 minutos de jogo. Total apatia, fio de jogo a roçar o zero e boas ideias idem: assim se poderia resumir o jogo encarnado até ao intervalo. Apesar da maior posse de bola face a um Penafiel remetido à postura defensiva, o Benfica raramente conseguiu criar perigo até surgir o primeiro golo. Apenas uma desatenção do guarda-redes penafidelense, Coelho, que Jonas não aproveitou, deu a mínima miragem de golo benfiquista. Até surgir Gaitán que, com um passe soberbo, desmarcou Lima na área para este oferecer o golo fácil de encostar a Talisca. Nono golo no campeonato para o ex-Bahia. Até ao intervalo, só Gaitán – quem mais? – voltou a aproximar o Benfica do golo, com um bonito remate em arco de fora da área a passar por cima da baliza de Coelho.
No início do segundo tempo, foi a equipa de Rui Quinta a surgir com mais qualidade e vontade de tentar inverter o quadro. Chegou mesmo ao golo através de um cabeceamento de Rabiola, que foi bem invalidado por fora-de-jogo. A partir daí, não há mais nada a acrescentar ao Penafiel em termos ofensivos, já que a expulsão de Tony à hora de jogo deitou quaisquer esperanças que existissem. A coisa estava, então, controlada para a equipa de Jorge Jesus, mas o descanso só chegaria com o 0-2 do peito de Jonas, após assistência de Maxi na linha de cabeceira. O jogo estava totalmente resolvido e entregue a um Benfica que, sem deslumbrar, acabou por chegar ao terceiro golo, num bom cabeceamento de Jardel a responder a um canto de Gaitán.
Não há memória de tão fraca qualidade de jogo no Benfica de Jorge Jesus. É, de longe, a época em que a nota artística está morta e enterrada e vale o pragmatismo e o trabalho de cinco anos em cima da equipa. As ideias, embora nem sempre bem aplicadas, já estão vincadas e valem o conforto dos seis pontos de vantagem para o rival na luta pelo título. Mais uma vez, Jorge Jesus está a provar o porquê de o Benfica precisar mais dele do que vice-versa. Há seis meses, dispunha de Oblak, Garay, Siqueira, Markovic, Enzo Pérez e Rodrigo. A acrescentar a estes titulares absolutos, André Gomes e Cardozo. E o que tem hoje? Nenhum. No entanto, contra factos nunca haverá argumentos e as 13 vitórias em 15 jogos são a forma que o melhor treinador do campeonato português tem para responder.
A figura:
Os três pontos – Numa partida com tão pouca qualidade e nenhuma nota artísica, o resultado é a melhor coisa que o Benfica pode tirar.
O fora de jogo:
Ola John – mais uma partida exasperante do jovem holandês. É caso para dizer: pode mas não quer mais.
Foto de capa: Facebook Benfica