Emigração precoce

    Cabeçalho Futebol NacionalUm dos motivos pelo qual o campeonato português é reconhecido na Europa, é pelos jogadores que este revela. Mais do que por alguns feitos conseguidos pelos nossos principais clubes nas competições europeias, desde que há uns anos para cá que o nosso futebol é referenciado na Europa pelo excelente trabalho realizado na formação, prospecção e desenvolvimento dos seus atletas.

    Como já falei nalguns artigos anteriores, o Sporting CP destacava-se sobretudo na matéria da formação, o FC Porto na prospecção de jogadores recrutados no estrangeiro, principalmente no mercado sul-americano e o Sport Lisboa e Benfica também começou a entrar neste campo nesta década.

    No entanto, o Benfica e o FC Porto têm vindo a vincar cada vez mais uma aposta na formação, com o intuito de desenvolverem os seus próprios jogadores, estratégia que já deu frutos ao venderam jogadores formados por bons preços a “tubarões” da Europa.

    No entanto, esta nossa fama de “país exportador de jogadores” também tem um forte revés. Como todos sabemos, o campeonato português é esmagado pelos principais campeonatos europeus na componente financeira. Os clubes portugueses estão excessivamente dependentes da venda de jogadores para equilibrarem as contas e com isso, sujeitam-se a perder as suas pérolas em fases muito precoces da sua carreira.

    Quando começou a haver o “surto de emigração” dos futebolistas portugueses, os tempos eram outros. Ainda vivíamos na era “pré-Bosman” e como tal, “tubarões europeus” não podiam abusar. Paulo Futre só tinha 21 anos quando se transferiu para o Atlético de Madrid, mas já vinha de três épocas como titular no FC Porto. Já nos anos 90, Rui Costa transferiu-se para a Fiorentina com 22 anos, a mesma idade com que Luís Figo se transferiu para o Barcelona. Fernando Couto rumou ao Parma com 24 anos de idade. E todos estes jogadores foram titulares dos seus respectivos clubes durante pelo menos três épocas.

    Nos dias de hoje, o fosse financeiro entre o nosso campeonato e os “big-five” é cada vez maior, o que faz com que se torne cada vez mais difícil segurar os nossos jovens valores. E os exemplos mais gritantes disso, foram os casos de Renato Sanches e André Silva.

    Renato Sanches ainda não se impôs no emblema Bávaro Fonte: Facebook Oficial de Renato Sanches
    Renato Sanches ainda não se impôs no emblema Bávaro
    Fonte: Facebook Oficial de Renato Sanches

    Um anos após a sua transferência milionária para o Bayern Munique, Renato Sanches continua sem confirmar o seu potencial na Baviera. Todos nós reconhecemos a concorrência de luxo que ele enfrenta, mas também acredito que muitos fãs de futebol esperavam mais do Renato, pois todos nós vimos a sua enorme qualidade no Benfica e na selecção nacional e conquistar um Golden Boy de forma justíssima.

    Mas o que é que terá falhado? Para mim, não existem flops com 19 anos e a verdade é que ainda é muito cedo para dizer que ele se deixou deslumbrar pelo mediatismo e tornou-se numa vedeta. Ele ainda tem muito tempo para crescer e confirmar o seu potencial, mas terá de trabalhar muito e estar comprometido a 100 com o futebol para mostrar o porquê de ter passado de jogador da equipa B do Benfica a titular da selecção nacional em menos de um ano.

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    Tiago Serrano
    Tiago Serranohttp://www.bolanarede.pt
    O Tiago é um jovem natural de Montemor-o-Novo, de uma região onde o futebol tem pouca visibilidade. Desde que se lembra é adepto fervoroso do Sport Lisboa e Benfica, mas também aprecia e acompanha o futebol em geral. Gosta muito de escrever sobre futebol e por isso decidiu abraçar este projeto, com o intuito de crescer a nível profissional e pessoal.