No norte do país, mais precisamente em Matosinhos, ergue-se uma das equipas mais históricas do campeonato português, o Leixões. A equipa de Matosinhos é uma das equipas, em Portugal, com melhor palmarés.
O Leixões conta com 25 presenças no campeonato da primeira liga, com uma Taça de Portugal e com várias participações europeias. Entre as quais, uma histórica presença na Taça UEFA, em 2002, depois de ter chegado à final da Taça de Portugal no ano anterior, numa altura em que a equipa se encontrava a disputar a segunda divisão b, o que equivale, ao agora, Campeonato Prio.
Agora, e apesar da história ser bonita e rica, a realidade é outra. Depois de em 2009/2010, a equipa do Mar ter sido despromovida à segunda liga, este Leixões nunca mais conseguiu acertar o passo para encontrar o caminho para a primeira liga.
Verdade seja dita, que em 2012/2013, a equipa até esteve perto de subir, com os bebés do mar a ficarem a apenas cinco pontos, do segundo classificado, Arouca, mas a partir daí a equipa tem passado por um período de crise. Nos últimos três anos, a verdadeira luta do Leixões tem sido a permanência, com a equipa leixonense a conseguir alcançar a manutenção nas derradeiras jornadas do campeonato.
Esta temporada, o objetivo era evitar que a equipa tivesse de esperar até ao final do campeonato para alcançar a manutenção. Para isso, a escolha para treinar os heróis do mar foi Filipe Coelho.
O jovem técnico de 36 anos, tinha dado nas vistas, na temporada passada, ao serviço do Casa Pia, e os responsáveis do Leixões viam no jovem técnico, um homem capaz de liderar a armada leixonense. A verdade é que a experiência não correu muito bem ao jovem, e após 13 jornadas, o treinador do Leixões só tinha conseguido alcançar uma vitória. Kenedy, antigo jogador do Benfica, Porto e Psg, foi a escolha seguinte.
O técnico viu-se diante de uma tarefa bastante complicada, assumindo as rédeas da equipa do Leixões a meio da temporada, mas nem por isso tem deixado de fazer um bom trabalho. O Leixões, pese embora o 21º lugar, tem conseguido melhorar o seu futebol, sendo uma equipa mais aguerrida, lutadora, direta e muito pragmática na chegada à baliza do adversário.
A equipa do mar tem ainda uma luta dantesca em relação aquilo que falta deste campeonato. São cinco os pontos que separam o Leixões do primeiro lugar acima da linha de água.
São várias as lutas que este Leixões tem travado nos últimos anos. As notícias que dão conta da crise financeira que o clube atravessa são já recorrentes. Surgiram em 2005, em 2012 e em 2015 mas a verdade é que a equipa do Mar tem resistido a tudo o que se coloca diante do seu caminho. O Leixões vai remando contra a maré e tem ganho diversas batalhas.
Nesta temporada, muitos são os possíveis motivos que podem servir como explicação de uma temporada que tem sido abaixo do que era esperado. À equipa dos bebés do mar tem faltado sobretudo, estabilidade. É necessário apostar num projeto a longo prazo, num treinador a longo prazo. A verdade é que todos nós sabemos o quão difícil se trata de estruturar um projeto assim, em Portugal, onde os despedimentos dos treinadores são sempre a resposta mais fácil.
Este Leixões é uma das equipas que melhor trabalha a formação em Portugal, vide os vários jogadores que a equipa de Matosinhos têm lançado ao “mar” nas últimas temporadas, desde: Rúben Ribeiro, Jorge Gonçalves, Paulinho, Luís Silva, João Novais, Esiti, Pedro Pinto.
Há, definitivamente, muita qualidade a surgir nas camadas de formação. Falta apenas um projeto capaz de aproveitar todos os recursos humanos que o Leixões dispõe, aliando a isso alguns jogadores capazes e conhecedores da realidade que a segunda liga representa.
Grandes lutas terá ainda pela frente esta equipa de Matosinhos. Até final da temporadas, avizinham-se muitas tempestades para o porto de Leixões, mas esta equipa do mar já demonstrou que tem arcaboiço para resistir a todas as contrariedades que tem surgido pela frente.
Resta apenas, aos leixonenses, que a época acabe, tal como as anteriores, com a manutenção da equipa na segunda liga, para depois se poder pensar num projeto a médio-prazo, estruturado, onde o objetivo seja colocar, de novo, o Leixões na primeira liga.
Numa altura em que o futebol português atravessa uma grave crise, são clubes como o Leixões, com uma massa adepta incansável e com uma cultura de vitórias bem forte, que fazem falta ao nosso campeonato.
Foto de Capa: Leixões SC