Marítimo: Entre o melhor e o pior

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    Concluídas as obras, o Marítimo tem de volta o seu estádio, o “Caldeirão” dos Barreiros, e bem precisa dele para tentar atingir os seus objetivos.

    Os verde-rubros definiram como objetivo chegar ao quinto lugar, de apuramento para a Liga Europa. Neste momento, estão na décima segunda posição da tabela classificativa, a 10 pontos do quinto, o Sporting de Braga. Na minha opinião, muito dificilmente a equipa madeirense poderá conseguir atingir o seu objetivo na Liga. Sporting de Braga e Vitória de Guimarães têm, claramente, melhores argumentos que os maritimistas, já para não falar de outras equipas que também podem entrar nessa luta, como Rio Ave, Estoril, Belenenses, Paços de Ferreira, Nacional e Moreirense. O sexto lugar também poderá dar apuramento europeu, mas isso já é outra história que dependerá dos finalistas da Taça de Portugal.

    O grande ponto fraco do Marítimo neste campeonato tem sido o seu desempenho desastroso fora de casa, onde, em dez jogos, perdeu sete. Apenas venceram o Gil Vicente e empataram com o Rio Ave e a Académica nas visitas ao continente. São números muito fracos e absolutamente inadmissíveis para um clube que queira qualificar-se para a Liga Europa. Apenas o lantena vermelha Gil Vicente, o Boavista e o V. Setúbal têm pior performance fora do seu estádio. Em jeito de curiosidade, a outra equipa madeirense, o Nacional, também já fez nove jogos fora de casa e perdeu seis. Percursos semelhantes e muito cinzentos dos ilhéus nas partidas disputadas em terreno alheio.

    Para combater estes números, o Marítimo tem estado muito bem nos jogos disputados nos Barreiros. Sendo um campo tradicionalmente difícil para quem o visita, o Caldeirão valeu 19 dos 24 pontos que o Marítimo tem na sua conta por estes dias. A equipa orientada por Leonel Pontes, anteriormente adjunto de Paulo Bento no Sporting e na seleção, venceu seis dos nove jogos que disputou em casa. Nas visitas aos Barreiros, apenas o Benfica e o Moreirense venceram, tendo o Estoril empatado. Entre as vitórias caseiras do Marítimo esta época, penso que existem três que se destacam: a goleada (4-0) aplicada ao Vitória de Guimarães e as vitórias pela margem mínima (2-1 e 1-0) frente a SC Braga e FC Porto, respetivamente.

    Nas taças, o Marítimo foi afastado nos “quartos” da Taça de Portugal pelo Nacional, após grandes penalidades, e está qualificado para as meias finais da Taça da Liga, onde voltará a receber o FC Porto.

    Apresentados estes números, penso que é relevante abordar algumas questões relacionadas com o plantel. No que concerne à baliza, penso que Leonel Pontes tem vida facilitada, porque tem um jovem português de qualidade (José Sá) e um guardião experiente que gosta de dar nas vistas, principalmente nos jogos com os chamados “grandes” (Salin). Eu gosto mais do português, mas o francês tem merecido mais vezes a titularidade e a exibição frente aos “dragões” foi bastante boa, tendo feito algumas defesas decisivas para garantir a vitória da sua equipa. Na defesa, Patrick Bauer tem sido o elemento mais consistente. O central alemão formado no Estugarda apenas falhou uma partida do campeonato, tendo já conhecido três companheiros ao seu lado no eixo defensivo: Gegé, cabo-verdiano que esteve neste mês de janeiro na CAN, Kaj Ramsteijn e Raul Silva, brasileiro contratado nesta janela de mercado. Nas alas da defesa, João Diogo e Ruben Ferreira, dois madeirenses de gema, têm sido os donos dos lugares, tendo o experiente capitão Briguel, que nunca conheceu outro clube na carreira, como principal alternativa.

    No meio campo, o Marítimo tem um jogador que foi vice-campeão do Mundo Sub 20 em 2011, esteve duas épocas nos juniores do Benfica e é um autêntico poço de força e um patrão na equipa madeirense: Danilo Pereira. No que se jogou da temporada até agora, só falhou dois jogos do campeonato e o Marítimo não venceu nenhum deles. Danilo é, no meu ponto de vista, o jogador mais influente da equipa e não me surpreenderá se sair num futuro próximo para um clube com outras ambições. É um jogador guerreiro, que luta até à última gota de suor, com grande capacidade física, qualidade no passe e no jogo aéreo. Nas outras posições do meio campo, existem cinco jogadores que têm jogado regularmente, o que permite que Leonel Pontes esteja à vontade para escolher, dado que não existe falta de ritmo entre estes elementos. Bruno Gallo e Fernando Ferreira são os atletas mais utilizados, mas Alex Soares, Theo Weeks e Fransérgio não se podem queixar de poucas oportunidades.

    Danilo é o “pulmão” do Marítimo. Não deverá cá estar na próxima época… Fonte: Facebook da Estoril SAD
    Danilo é o “pulmão” do Marítimo. Não deverá cá estar na próxima época…
    Fonte: Facebook da Estoril SAD

    O setor ofensivo é, neste momento, a grande incógnita, após a saída de Maazou, melhor marcador da equipa, para o futebol chinês. O atacante do Níger marcou 11 golos em 23 jogos, contando com todas as competições. Se olharmos apenas para o campeonato, Maazou tinha uma média de um golo a cada dois jogos disputados. São excelentes números para um ponta de lança que não joga nos chamados “grandes”. Além disso, alguns destes golos foram absolutamente decisivos. Por exemplo, Maazou marcou o golo decisivo na segunda jornada (receção à Académica), na terceira jornada (vitória em Barcelos), na receção ao Oriental na Taça de Portugal (marcou o golo no empate 1-1 que levou o jogo para grandes penalidades) e marcou o golo decisivo na última jornada da Taça da Liga, novamente em Barcelos, que permitiu aos madeirenses a qualificação para as meias finais da prova. A juntar a estes golos decisivos, destaco ainda as duas vezes em que Maazou bisou, mas em que o Marítimo perdeu, nas visitas a Paços de Ferreira e a Alvalade. Depois de uma época em que mostrou qualidades no Vitória de Guimarães, mas onde marcou apenas seis golos em mais de 30 partidas, o africano era a principal arma apontada por Leonel Pontes às balizas adversárias.

    Para colmatar esta péssima notícia, foi contratado o francês Moussa Marega, vindo do Espérance, da Tunísia. É um dianteiro franco-congolês, que é desconhecido do público português e, em França, apenas jogou em escalões secundários. Marega vem juntar-se a Ebinho, Dyego Sousa, Micolta, Edgar Costa e Xavier, os outros elementos do setor ofensivo do clube. Este leque de opções parece-me claramente insuficiente para as ambições da equipa madeirense, que tem no seu ataque o seu setor mais fragilizado, depois da saída do seu “matador”.

    O objetivo de chegar a um lugar europeu será bastante difícil de alcançar, principalmente depois deste mercado de transferências, que levou uma das figuras da equipa.

    Foto de capa: fpf.pt

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    Diogo Janeiro Oliveira
    Diogo Janeiro Oliveira
    Apaixonado por futebol, antes dos livros da escola primária já lia jornais desportivos. Seja nas tardes intermináveis a jogar, nas horas passadas no FIFA ou a ver jogos, o futebol está sempre presente. Snooker, futsal e andebol são outras paixões. Em Portugal torce pelo Sporting; lá fora é o Barcelona que lhe enche as medidas. Também sonha ver o Farense de volta à primeira…                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.