O nosso futebol profissional encontra-se dividido em dois escalões: Primeira e Segunda Liga, sendo que, apesar de se considerarem ambas ligas profissionais, existem várias diferenças entre elas.
Comecemos por exemplos práticos: fazendo uma pesquisa pelos contratos dos jogadores das equipas da Segunda Liga, podemos constatar que a grande maioria dos jogadores têm contrato de um ano e existem vários empréstimos (algo que foi reduzido com a introdução das equipas B), esta política desportiva por parte da grande maioria dos clubes do segundo escalão deve-se essencialmente à fraca capacidade financeira que estes clubes actualmente têm: são poucas as receitas de bilheteira, televisivas e patrocinadores; por isso, em muitos casos, estas equipas ficam sem margem negocial para negociar os seus melhores jogadores, pelo que, muitas vezes, estes até acabam por sair a custo zero.
Este tipo de política desportiva vai-se refletir em muito no tipo de liga e competitividade que temos: há uma clara falha no planeamento das épocas desportivas, a maioria dos clubes apenas começa a construção do plantel quando a época arranca, quando deveria ser o oposto, esperando muitas vezes pelas dispensas das equipas da Primeira Liga, isto traz dificuldades acrescidas aos treinadores que querem montar um modelo de jogo na sua equipa, porque veem os seus jogadores chegarem a “conta-gotas” e já temos assistido a muitos casos de equipas com inícios de época desastrosos, mas que conseguem recompor-se com a época em andamento, nalguns casos, entretanto, já com chicotada psicológica.
O Sporting Clube da Covilhã regressou aos treinos no inicio deste mês tendo apenas seis (!) jogadores sob-contrato, dificilmente haverá um treinador, na minha opinião, que consiga trabalhar uma ideia de jogo durante a pré-época nestas condições.
Por outro lado, temos casos como o Leixões, que já vai em 21 novas contratações, onde não se percebe exactamente qual é a política ou projecto ou se é apenas contratar ao desbarato, sem qualquer critério para encher o plantel.