Tal como a Primeira Liga, todas as divisões que lhe sucedem são suscetíveis de críticas, tanto às equipas, treinadores, dirigentes, como até à estrutura das provas. No entanto, entenda-se crítica como uma sugestão, reparo e oportunidade para melhorar. Nunca como objeto de destruição daquilo que cresceu até agora e tanto nos apaixona; o futebol. Porque é sempre disso que se trata e é nesse sentido que surge este artigo e as palavras de Jorge Silas na sua página de Facebook, ex-jogador dos nossos campeonatos, com passagem por várias equipas.
Neste momento, o Campeonato de Portugal (CP), primeiro escalão a nível nacional, é disputado através de duas fases; numa primeira, 80 equipas, divididas em cinco séries (A, B, C, E e E) com 16 participantes, disputam a subida à Segunda Liga ou evitam a descida aos Distritais. É precisamente na passagem à segunda fase, onde se disputa a subida, que reside o maior problema. É que para lá, apenas se apuram oito equipas! Os primeiros classificados de cada série e os três segundos classificados com melhor desempenho. Ou seja, num universo de 80 competidores, apenas um décimo (oito) tem possibilidades de atingir a divisão seguinte. Daqui resulta, naturalmente, um desinteresse a meio da competição. A meio ou até antes.
A certa altura, metade da tabela já percebe que não terá qualquer hipótese de atingir a fase que se segue e o objetivo passa a ser não descer. Um objetivo, no mínimo, desmotivador porque a qualidade não se descola destes jogadores. Apesar da distância à Primeira Liga, há jogos e jogadores de grande qualidade, como provam alguns atletas que lá vão parar.
À nona jornada do CP, lideram as séries A, B, C, D e E o FC Vizela (23 pontos), o CD Cinfães (21 pontos), a UD Leiria (25 pontos), o CD Mafra (20 pontos) e o SC Farense (24 pontos), respetivamente. Ocupam os lugares mais baixos das mesmas séries o CCD Minas de Argozelo (3 pontos), a UD Sousense (3 pontos), a AD Fornos de Algodres (0 pontos), o CA Pêro Pinheiro (6 pontos) e o Lusitano FC (4 pontos), respetivamente.
A esta altura, é prematuro arriscar quem desce e quem passa à fase seguinte, mas o fosso pontual é já bem grande e a tendência é a aumentar porque o desinteresse também aumenta. As direções percebem que o caminho se afigura complicado e dão início à redução de custos através do despedimento de jogadores ou em alguns casos, lamentavelmente, ao incumprimento salarial. As equipas anteriormente mencionadas não são necessariamente exemplo destas situações, servem apenas para demonstrar a realidade pontual desta competição.